janeiro 07, 2010

2009

Não, não foi esquecido, renegado, ignorado. O tempo, que destrói tudo e nada corrói, intacto, estralhaça a oportunidade. Contudo 2009 está aqui, esteve aqui. E assim se apresenta.

......


Porque mais que Gent. Muito mais que capítulos recobertos de bolor e teias de aranha. De força e suor. Sim. Manteiga e pipocas, gomas em formas de ursinho, misturadas, não necessariamente por esta ordem, oh so creepy, ‘Je ne peux vivre sans toi’, mon amour mon ami. Mundo, paz, equilíbrio, descoberta. Paz. Já mencionei? Vontade. Organização. Luta. Determinação. Noite. Neve, flocos de neve, cobrindo o meu peito, o meu sensaboroso arrastar, lali, ‘et je ne sais pas pourquoi’, puna. Objectivos. Vida. Mesmo na minha dianteira. Ver antes de interiorizar. Mel, doce, tranquilidade. Nós. A rolha que me saltou das mãos no exacto momento em que ele derrapou em mim. E sim um ano que se iniciou nos marcos erráticos da sociedade, nos marcos estagnantes da sobriedade. Do que tem de ser e do que é. Saltou. Inundou. Entrei. Clamei ‘show me some revolution’. E ele, concedeu-me.

É isso que queres? - indagou ele
Sim. – respondi euEt je sais très bien pourquoi. Ah ah ah ah ah ah.E aí instalou-se, 'segura lá', a utopia, a frustração, a força inimaginável, desafio, suporte, eu suportei sempre, eu levei sempre, sem olhar sem sentir. Simplesmente vivi a revolução sem perguntar sem questionar a dor, cor, temor que dançavam dentro de mim. Não havia tempo. Não houve. Melhor assim? Revolução. Simplesmente nem reflectir, prosseguir, respirar, ceder forças, as que existiam e não existiam. Turn it up turn it up turn it up turn it up. Turn it up turn it up turn it up turn it up. Turn me on. Sempre, sempre em mente com a frase, cantarolando, enviesando, ‘ganhei o que eu queria’. Imaginando ser um polvo espaçoso, um lunático ser dos mares que guardava em si a voz da necessidade, encaixada em si num molusco diário. Guardada para um dia, ela, a voz, a vida, soltar.E o tempo passou para fora e para dentro de mim. E eu escrevi, pensei, recalquei, engoli, sufoquei, dentro de mim, mesmo no interior desse vulcão em ebulição, apresentei, preparei, madruguei, continuamente. Lutei, revolvi, arrumei, desfiz. Iludi, desiludi. E viajei, arrastando atrás de mim um corpo imóvel, um corpo que apenas concebia o presente. E lá em Gent sim, hello Gent, como quase o ouço interceptar, clamei, continuei, dia após dia, noite após noite, sem pensar, sem parar. Parar, parar, parar. Não. E aprendi. Na maior das fossas existenciais, aprendi que na avidez do nosso encontro pode residir a mais obscura forma de o adiarmos. Adiarmo-nos a nós mesmos. Para quê estarmos? Para quê sermos? Lidar. Aprender a ultrapassar fronteiras, aprender a ser no vínculo e na obrigatoriedade do outro ser. Do exterior. Lidar, gerir, qual exterior, vomitar, eclodir, lançar as nossas mais primárias vísceras em círculo concêntrico. Fugir, saltar fora, como eles dizem. Costumizar o impossível. E encontrei a resposta, o pânico, vendo o meu corpo crescer, aumentar, vendo a minha saciedade desmoronar no patamar ao lado, o mais distante, encarando apenas que essa revolução, essa mesmo que tanto exigi, mostrava-me agora a visão da minha tão desejada evasão. E quando a reconheci e quando a encetei pela primeira e derradeira vez, foi-me ilustrado que ela não existe gratuitamente, que ela não se dispõe involuntariamente. Provei-lhe o sabor mas antes de tudo visionei o caminho para a alcançar vorazmente.

fuck the pain away .


Très bien mais now go. Corre, não desiste. E eu continuei, sem tempo, a perder, a ganhar. Madrugadas. Dores. Muitas dores, muitas dúvidas. E Lisboa oh minha Lisboa....senti em ti aquilo que quiseste que eu sentisse. E oh felicidade das felicidades, fui feliz. E oh, sarcasmos dos sarcasmos, a identidade estava lá intacta. Mas num novo corpo, numa nova mente. Numa nova forma de exteriorizar, num novo interior, num novo enquadrar, num castelo arquitectado e crescendo dentro de mim. Onde as ligações se intercruzavam e abriam alas para o eterno e ansiado mundo. O meu. E sem parar, sem questionar, sem quase respirar, ofegantemente, 2009, passou por mim, nem se despediu porque é como se tivesse parado dentro de mim, enraizado nos meus holes, é como se simplesmente formasse parte do meu sangue. É como se parte de mim fosse 2009. E 2009 fosse eu.

e como a música é tão importante para mim quanto essa tal de vida e/ou evasão, 2009 foi um ano muito recheado. Pretendo compilar e colocar disponível um certo volume, mas como ainda não tive oportunidade de tal, adianto o nome das mesmas. Estas músicas iniciam-se apenas na época Gent. São uma mistura de músicas mais pessoais com músicas que simplesmente marcaram o momento. Deles e de mim. Ou só deles. Ou só de mim. Mais à frente, refiro alguns dos albuns que considero do ano e que rechearam os meus momentos.

1. Kid Cudi - Day and night
2. Lylli Allen – The Fear
3. Stars - Life Effect
4. Depeche mode - Wrong
5. Bat for Lashes - Trophy
6. Lali Puna- Together in electric dreams
7. Phoenix- If i ever feel better
8. Garbage - You look so fine
9. Justice – Genesis
10. MIA - Paper Plans
11. Hercules & Love Affair- Blind
12. Royksopp - Sombre Detune
13. The Strokes - Last Nite
14. Yeah Yeah Yeahs- Hysteric
15. The Whitest Boy Alive – Courage
16. The Notwist- One step inside doesn’t mean you understand
17. Patrick Wolf – Bloodbeat
18. The Organ – Let the bells ring
19. The Notwist – This room
20. Phoenix – Lisztomania
21. Grizzly Bear – Two weeks
22. The Notwist - Consequence
23. Telepathe- Can’t stand it
24. Patrick Wolf – Vulture
25. Animal Collective – My girls
26. Animal Collective – Daily routine
27. Animal Collective - Bluish
28. Hercules & love affair – Iris
29. Patrick Wolf – Hard times
30. Junior Boys – Sneak a picture
31. Au Revoir Simone- Last One
32. Placebo - Happy you’re gone
33. Passion Pit – Smile upon me
34. Thievery Corporation - Só com você
35. Placebo - Astray Heart
36. Empire of the Sun - We are the people
37. Lilly Allen - Fuck You
38. M83 - Couleurs
39. Kings of Convenience - Mrs. Cold
40. Depeche Mode - Fragile Tension
41. Peaches - Fuck the pain away
42. David Lynch - Star Eyes (i can catch you)
43. Royksopp - What Else is There
44. Bebel Gilberto feat Telefon Te Aviv - All Around
45. Michael Jackson - Billy Jean

e aqui acabou Gent.

Depois temos albuns do ano sim. sem qualquer ordem específica:

Au Revoir Simone - Still Night Still Light
Animal Collective - Merriweather Post Pavilion
Kings of Convenience - Declaration of Dependence
Depeche Mode - Sounds of Universe
Placebo - Battle for the Sun
The xx - the xx
Junior Boys - Begone Dull Care
Cold Cave - Love Comes Close
Patrick Wolf - Bachelor
Soap & Skin - Lovetune for vacuum
Telepathe - Dance Mother
Yeah Yeah Yeahs - It's Blitz
The Whitest Boy Alive - Rules
Phoenix - Wolfgang Amadeus Phoenix
Passion Pit - Chunk of Change


e sem mesmo qualquer ordem. Patrick Wolf foi provavelmente o mais 'meu' e Depeche Mode o mais corrido no mp3. A minha música do ano foi a Hard Times de Patrick. Por isso sem qualquer tipo de ordem.