julho 12, 2006

this is dedicated...

O silêncio move-se entre as crateras inconscientes da mente aberta. O som, o pulsar antagónico, o vento que trespassa os interstícios intemporais, a viagem sem volta.
Que nada se assemelha ao que esperamos da vida, ao que esperamos de nós próprios.

Será que é fácil? Será plausível? Dor de cabeça latejante. Agonia. Sufoco. Só mais um dia, só mais uma noite. Só desta vez deixa-me cometer os mesmos erros. Agora, neste preciso instante concede-me a possibilidade de errar. Outra vez.
O calor. Lá fora. Amo. 30 graus. Talvez mais. Talvez quando eu criticava os temporais e as temperaturas baixas. Agora elas elevam-se fora e dentro de mim. Esperança. Esforço. Algum? Musica. Ligar as colunas e deixá-la rodar até ao fim em médio volume. Ausentar-me do meu proprio som. Agudo, ensurdecedor. Não aguento. Toleras-me mais uma vez? Pergunta retórica. Retundante confirmação. Vale a pena? Insisto. Sei que tenho razão. Prossigo. Condescendo mas não acredito. Circundo este compartimento. Ele enche-se de cor e dramatismo. Pequenos instantes de escape irracional. Ato a independência à auto.estima por uma corrente esfarrapada, quase nula. Acima de tudo, não confio. Espero. Voltas? Lembraste-te? Claro que não. Eu naufraguei no teu pensamento e tu nem te apercebes. Continuo a inspirar-te à distância. Ainda te lembras do meu riso? Ainda sabes quem eu sou? Desci para o 999º lugar no ranking das prioridades. Quem? Sim gostei. Senti-a, a ela, e a ele. A eles. A todos aqueles que me sustentam na sua memoria. Agradeço tudo, o olhar, o exagero, a critica, o elogio, a lembrança. A mensagem. O acordar. Massacrante renascer. Ver-me ao espelho. Eu. Cortar, pegar em tudo, baralhar. Sair. Chegar. Entrar. Repulsa. Ninguém entende. Nunca ninguem vai entender. Para quê a compreensão do ‘exterior’ se ele em nada me poderá ajudar? Apenas e somente eu posso erguer do fundo do poço, do cinzeiro apagado de pormenores, meros restícios de um nada perdido num todo.
Analiso quem passa por entre as portas entreabertas da ilusão, transformando este dispar ‘mundo’ em algo mais. Simbologia? Observação. Observam-me. Sinto-me tonta. Penso, apelo ao raciocinio. Nada me ocorre. Fundo. Processo indissociavel da mente dispersa. Enraiveço. A mesa torta, as folhas riscadas. A simpatia alheia. A nova oportunidade envenenada. Contenho o tumulto que agora se concentra na escuridão lateral. Aquela que sempre me espera. Calma. Terreno dividido entre o bom-senso e racionalidade. Refugio-me. Só desta vez. E custa. Custou aguentar todos aqueles minutos. Libertou-me aquela saída assolapada. Foi fácil. Será sempre assim. Porquê as duvidas? Esclareci-as no vão do meu pragmatismo. é como se tudo fosse assim tão simples...Pergunto-me e porquê? Projecto, ‘e cmo será?’ Desespero. Nada disto. Absolutamente nada. Inteiramente nada. Sede, muita sede. Cores, amarelo. Riscas horizontais, verticais. Calor. Deitar-me. Para quê? E agora? Como vai ser? Vou conseguir? Não tolero. Enjoo. Como recalcar? Capaz? Eu? E tu? Onde estaras tu? Não me vai interessar. Mais. Pertences a um novo mundo. Fugir. Eis a palavra chave.


Onde, como e quando? Desistir? Será esse o termo? Para ela tornou-se mais dificil. Para ele não. Morrer é fácil. Desistir não. Lutar pelo que se é. Pelo que se quer. Lutas? Não sei. Eu não luto. Sei o que quero? Para quê saber? Chegarás a algum lugar assim?

‘tudo é igual em qualquer lugar, não adianta fugires Morvern. Pára de sonhar’

Sonhar....deixar-me levar. Até onde? Até a colina da letargia psicologica em crescimento logarítmico? Olhar em redor e não atingir. Paredes a escorregar no horizonte, obstáculos criados no inferno do consciente. Novamente desistir? Ser quem agora? Continuar a sofrer anos por anos em prol de quê? Afinal o que é isto? Viver ou sobreviver?


While i'm far away from you, my baby
I know it's hard for you, my baby
Because it's hard for me, my baby
And the darkest hour is just before dawn…

Each night before you go to bed, my baby
Whisper a little prayer for me my baby
And tell all the stars above
This is dedicated to the one I love

Life can never be exactly like we want it to be….
I could be satisfied knowing you love me…
There's one thing i want you to do specially for me
And it's something that everybody needs….

While i'm far away from you, my baby
Whisper a little prayer for me, my baby
Because it's hard for me, my baby
And the darkest hour is just before dawn..

If there's one thing i want you to do specially for me
Then it's something that everybody needs...

Each night before you go to bed, my baby
Whisper a little prayer for me, my baby
And tell all the stars above
This is dedicated to the one i love
This is dedicated (to the one i love)
This is dedicated to the one i love
This is dedicated (to the one i love)
This is dedicated...

Simplesmente quando não ‘estamos’ aqui mais vale nem tentar. Somente procurar, correr, viajar, fugir.....

OST@ Morvern Callar

julho 04, 2006

i can’t carry on

‘ 0h26 marcava o relógio do veículo. Olhara fortuitamente para fora e confirmara.
Subitamente todo o meu corpo estremeceu. Eles riam animadamente mas eu entretanto começara a perder-me no meu abismo existencial. O cinto apertava-me, o casaco sufocava-me, o peito explodia. Voltas e voltas. Rotundas e rotundas. Risos e felicidades partilhadas. Eu rira forçosamente. Mesmo ao teu lado entrava num processo de demência espiritual. Cada minuto pesava-me atrozmente, senti a pulsação a acelerar e a temperatura a subir. Não conseguia respirar. As curvas continuavam. Chegamos. Deixámos e partimos. Abri o vidro o mais possível e tentei respirar. Não conseguia expirar. Arvores perdidas na escuridão da noite, atalhos silenciados por placas informativas e sobretudo o silêncio de cortar a respiração. Não conseguira proferir qualquer palavra. Eles retribuiram-me o momento e eu agradeci de cada entranha incendiada do meu ser. Minuto a minuto, acumulavam-se todas as frustrações, todos os devaneios, a vontade de ceder e deixar-me cair rua abaixo, sentia-as demasiado tensas, como que a explodir por entre as meias e os tenis exagerados.
O vento entrara calmamente e tentava-me acalmar em vão [caught a look in your eyes, did they linger too long?] Cheguei e não tinha palavras para dizer. Obrigada, desculpem, pessoas com uma educação extrema que não poderiam ter vindo de outro sitio. Entrei, fechei a porta e atirei a mala para cima da cama. A luz da lua iluminava tenuemente o quarto. Desenhavam-se sombras da minha desarrumação nata que agora me causava claustrofobia. Corri para o parapeito, inclinei-me, queria fugir de toda aquela confusão, não aguentara sequer olhar para pedaços dele, ele que me fazia tanta falta naquele momento [we're you just being kind, or have i read it all wrong, when i brushed by your side]. Sentei-me, bebi o copo de água, olhei desesperadamente, media-a. Era inevitável, teria que me deixar levar. Mesmo assim ainda tentei resistir, só que as forças falhavam-me. Todo aquele momento estava pautado à minha condenação infame. 39.5 marcava. Fui a cozinha, tomei o comprimido. Acendi a luz e observei. Acabei por desviar apenas algumas peças de roupa misturadas com livros, malas e maquinas de calcular e sentei-me novamente. A febre subia exponencialmente no pensamento de cada minuto daquela dia. O calor invadia-me agonizante enquanto me sentia cada vez mais fria e vestia roupas em cima de roupas. Rolei no chão tal como me apetecera horas antes naquele circuito de alienação asquerosa. Ela doía-me cada vez mais, era impossível aguentá-la sequer, pesava-me como se so ela existisse no meu corpo, não conseguia ja sequer fazer uso dela- pensar.
Então deixei-me ir e expeli tudo aquilo que me consumia. Senti o sangue a escorrer pelas minhas pernas, o segundo dia de um período inglório, os enjoos apertavam-se contra o meu peito, apelei aos meus impulsos e vomitei. Tudo que não me permitisse inspirar, saira agora [i must gain control, i must take care]. Só que permaneciam os resticios da minha insensatez. Porque agora, naquele dia eu deixara-me atingir? Porque naquelas horas eu perdia o controle sobre algo que sempre me pertenceu? Porque eu estranhava o meu redor? Cada vez mais escorregava, impelida para um vácuo de afectos inexistentes. Não conseguira compreender que tudo não passava de um encontro, de uma noite. Mantinha o desespero que me suplantava para a dimensão da solidão e não conseguira acreditar. Simplesmente as peças não encaixavam como num puzzle.
Pemaneci serena, conseguindo ouvir o aumentar de cada ritmo cardíaco, o elevar de cada décima de grau, conseguia até sentir todo o meu corpo a pulsar. Pensara em ti, invariavelmente vinhas-me a cabeça. [suddenly i realised, there’s something going on]. E pela primeira vez senti repulsa no desejo que emanava de cada partícula minha [i’m falling for you, whatever it is, whatever you do]. Sentia nojo por desejar-te a ti em toda a tua dimensão [can’t allow this to ever]. Não por ti. [become an affair] Por mim. [but the tension is sweet]. Caí subitamente. Procurei afoita. ‘onde ele esta?!?’, já não aguentara o peso do copo e deixei-o estilhaçar-se no chão. Encontrei-o finalmente. 12. faixa 12. [you’re gonna walk alone, you’re gonna wonder who you are], não precisara de mais nada nesse momento. Só dela.

Elas cairam levadas pelas enchentes que se desprendiam dos meus olhos. Olhava aquele quarto, aquele silêncio, escutava-o indignamente, percorrendo momentaneamente o vicio da minha loucura. A balança, o equilibrio. Ali era o tudo ou nada. Era o sono que desaparecia, eram as luzes que se apagavam, a não-entrega, o não-acto, o fugir constantemente, o evitar [all night, i think of nothing else] O pensar. E se? [but if i could sit out this storm, i’d try to forget how i felt] Talvez eu não conseguisse encarar [but as soon as i see your face] Talvez fugisse mais uma vez para o vão solitário das minhas memórias e cedesse ao medo [i’ll just fall] Talvez acontecesse [Fall] E depois? Irias compreender o como e o porquê? [fall for you]
Gritei, destrui, sacrifiquei. No fim dos 6.37 conseguira finalmente inspirar e expirar. Levantara-me, circundei cada patamar fechado, cada subdivisão de mim, cada injustiça que inconscientemente cometia. Mesmo sabendo como tudo iria acabar.
Exorcisei os fantasmas que me possuiam e rendi-me a mais uma etapa [gonna kill this thing forever] Encerrei a frustração em direcção ao nada e adormeci, silenciando os demonios que rodeiam a minha consciente insanidade [i can’t carry on]’



musica escondida [Falling for you] / Skin