dezembro 20, 2009

a dúvida .

Era como um balão almost prestes a rebentar, sempre no limite das suas viscerais tensões superficiais, era como se a vida estagnasse, pressurizasse, decaísse. Era como se um reino de encantar se equilibrasse e construísse sobre pilares sarcásticos e débeis acompanhados por uma voz humana. Era como se simplesmente carne e espiríto fossem automaticamente separados, indo de encontro a uma tômbola pesada mas volátil. Como se a sua armadura não fosse de vidro mas de um metal fundível a -20ºC. Era como se esses mesmos castelos, idiotas nas sua mais vulgar e primária concepção, fossem tão seguros como desenraizados.

[vox humana]

Era como se a alma, veículo de consumo humano em intempérie sadiana, fosse amolgada e consumida por uma ténue fronteira temida. Era como se apenas o medo, essa palavra maldita, ofuscasse esse ponto de encontro onde a neura se reconciliava com a confiança. Se complementava, sossegava, reconfortava. Sem sequer ponderar na hipótese de engodo, falácia, mentira, ilusão. Sem iludir a própria desilusão arquitectada por um corpo saudável mas desgastado.

I haunted a basketmaker's shop
Spending days ripping pictures from magazines
taping them to the walls of my prison

I remember walking by the sand, each knob represented a different frequency range
and I remember holding the hand of the skeleton prince and he swept me into his arms
and he. he had tremolo deep in the back of his black eye sockets

and he said

"Do you want to come away with me into the pitch black pool?"

And I said: "I don't know, I don't know, I don't know..."Photocopied.
The wind ripped through the trees and all the stained-glass windows rattled
I haunted a basketmaker's shop in 1927
And on the beach in the summer there were thunderstorms constantly
and they were unpredictable.

nobody knew when they would come and nobody knew how long they'd last

Sometimes they'd only last five minutes. and sometimes. weeks.

I haunted a basketmaker's shop because I had nowhere to go

(one long weekend)

Stained-glass windows turning off and on and the tremolo in the back dark corners
cobwebs stripped, mildewed
I remember acoustic guitars and bells, I remember the cathedral
I remember cassettes, cathedral
I remember cassette cathedral

I remember cassette cathedral.


E naquele repouso inóspito, árido, desprovido de um quente recolher, de um macio acordar, de um pleno adormecer, fundiu-se o corpo com a necessidade de prosseguir, de apenas viver, dia após dia, num verdadeiro conhecimento, de uma pressão inigualável mas ultrapassável. E dado esse passo, essa redoma circunstancial, essa bolha no limiar da explosão rebenta assim, arrastando atrás de si, pedaços de uma vivência desaforada, de uma experiência desafortunada, de uma errada entrega corporal, de um negativo impresso em carne viva. Onde o sangue escorria, o sangue não estancava. De um vermelho vivo atroz, de uma força e fluidez apreciáveis, mais do que aceitáveis, correntes mas estrondosas. Onde aquele rio de sangue inundava o meu dedo e me catapultava para o novo mas antes de tudo, o próximo patamar. Aquele. Onde toda aquela voz suplantava o ócio, o que é e que tem de ser. Ópio da mente humana, vender a sua identidade a si própria a troco de uma consciência sustentada, que não mais pode ser alcançada senão através de um suicídio existencial.
E nesse mesmo corpo repousou a mente, agastada e dilacerada, retorcendo os membros e absorvendo os resquícios da bolha eclodida, pairando sob o ar, pairando sob si, adornando a apatia e o vácuo, instantaneamente surgidos como mero resultado dessa libertação. Recolocando-os e orientado-os para entre eles de novo recomeçar o hábito.

Onde o metal cristalizava em vidro novamente. Inexoravelmente.

dezembro 01, 2009

Chapter VI

. silence. all around .

Levantei-me, ele elevou o olhar, fitou-me fixamente, enroscou-se na minha mão. Eu ajoelhei-me perante ele, deixei-o enrolar-se na minha despedida, observei-o. Ele observou-me. Mutuamente envolvemo-nos no olhar, suspendemos o tempo, equilibrámo-nos na confiança. Pertencíamos um ao outro. Parei, estagnei, perdi. Lágrimas de felicidade, lágrimas de dor. De uma dor que teimosamente mantenho em aberto, em suspenso, à espera de um dia maldito que me invadirá a alma, dilacerando-me as visceras e destruindo-me a existência. Ele retrocedeu, estranhou o meu desespero traduzido em lágrimas que inundavam o seu corpo, deixando-me repousar sobre o seu peito. Parti, deixei-o. Para um precoce regressar. Virou-me as costas. Parti.
Um virar de esquina mais aliviante de sempre. Um descanso perpétuo, uma ansiedade sossegada. Como isto pode ser? Sendo. Quando a luz ao fundo do túnel representa paz, representa vontade, desejo, hamonia. Desci. Carreguei, suportei. Com uma força indubitavelmente aumentada num novo corpo que agora me pertencia. Entrei. E nessa viagem revisitei, ansiando cada segundo desse mês, todavia descansando os meus membros acelerados. Reencontrei. De uma forma inimaginável, houve alegria em reencontrar, em bradar, clamando um regresso temporário. Prossegui.

Gent . Parte VI .

E agora que o caminho parecia tão simples, agora nesse derradeiro alcançar, fugia-me por entre os dedos a oportunidade de ser apenas. De absorver. Como sempre quis. De tentar, de me deixar conduzir pelas ruas da harmonia. De estabilizar. Apesar de um dia a dia estúpido já coberto pelo bolor que me circundava. Apesar de pequenos desvios, contudo facilmente ultrapassáveis. Ali, onde tudo convergia secretamente, onde o sentimento de pertença, de empatia, de amizade falavam mais alto, onde o nível e o reconhecimento ganhavam lugar, onde simplesmente essa simplicidade residiam, ali, era o meu lugar. Aquele que outrora reneguei, aquele que fui impelida a considerar como frágil e efemero aquele que podia ter sido meu desde o início. Aquele que me furtaram, aquele que ignorei. Será que ele permanecia escondido atrás de uma porta semi-cerrada ? Ou totalmente cerrada ? Será que mesmo com esta nova força eu não poderia arrombá-la, reduzindo a pó todo o resquício inglório ? Talvez. Penso que nunca saberei essa resposta. Ou talvez sim. Sei porém, que até ali, tudo fora errado, wrong, too wrong, e que aquele mundo para mim arquitectado, encerrou em si cada desnível de uma paz mais que merecida. De uma vida. De uma experiência.
E que esta melodia ouvida inicialmente acabava por se repetir intrinsecamente, agregando-se a uma moral que sempre intitulou esta história.


Wrong . wrong . wrong .

I was born with the wrong sign. In the wrong house. With the wrong ascendancy.
I took the wrong road that led to the wrong tendencies.
I was in the wrong place at the wrong time for the wrong reason and the wrong rhyme.
On the wrong day of the wrong week. I used the wrong method with the wrong technique.

Wrong .
Wrong .

There's something wrong with me chemically. Something wrong with me inherently.
The wrong mix in the wrong genes. I reached the wrong ends by the wrong means.
It was the wrong plan. In the wrong hands.
With the wrong theory for the wrong man.
The wrong lies, on the wrong vibes.
The wrong questions with the wrong replies.

Wrong .
Wrong .

I was marching to the wrong drum with the wrong scum, pissing out the wrong energy.
Using all the wrong lines and the wrong signs with the wrong intensity.
I was on the wrong page of the wrong book with the wrong rendition of the wrong hook.
Made the wrong move, every wrong night.
With the wrong tune played till it sounded right yeah.

Wrong, wrong

Too long

Wrong

Too long

Wrong

Too long

Wrong

Too long

Wrong

Too long

I was born with the wrong sign in the wrong house with the wrong ascendancy
I took the wrong road that led to the wrong tendencies.
I was in the wrong place at the wrong time for the wrong reason and the wrong rhyme
On the wrong day of the wrong week.
I used the wrong method with the wrong technique



Wrong


E nesse ponto, nesse mesmo ponto, outra melodia avançava pé ante pé até mim, colmatava os espaços em branco, os vazios, os holes que se multiplicavam no meu espirito, consumia-me uma possibilidade de absorção, de simplesmente paz. Onde quem ri por último ri melhor. De um envolver diário, de um sorriso estrutural, de duas personalidades complementares que me abriam alas para esse mesmo paraíso existencial. De uma postura estável e de uma postura apaixonada. De vocês e de mim. De algo que uma vez mais na minha vida teve de ser interrompido. De nós. De um momento em que estico as pernas e transpiro equilíbrio por todos os meus poros, em que deito e comigo deita a minha vontade, em que abro o desejo ao tempo, permitindo-me evadir serenamente, suavemente.

Em que paro, em que tão somente paro.

E vivo.



After all all i have in my mind is just silence all around

A thousand times i´ve tried to find pieces of dreams, visions and sounds

And I pray for better days

Do you know how it is without anyone, do you know

Anyone?

E num vácuo sugado para dentro de mim, num vulcão a eclodir dentro das minhas vísceras, no encontrar sub-humano de fora para dentro, dentro para fora, encerrei, aqui nesta Lisboa que me pertence, que me envolve. Aqui fecho à chave Gent atrás do tempo, Gent atrás de mim, atrás de uma injustiça, behind my back, in my back, um sonoro silêncio dentro de mim e por fora intrínsecamente fora de mim. Exterior-interior. Conexão ousada. Sub-divisão aleatória. After all, all i have in my heart are the pieces that i found. Shades of blue, swimming in the moon, counting the stars all around. I say a prayer for better days. E eles alcançaram-me. Depois de uma inefável guerra que não foi ganha. Adiante. Um hole que se esvaziou preenchendo-se. Aqui estou. Do you know how it is without anyone?

do you know anyone?

Don't let it go

Never forget that when i think of you

You're not alone.


eu .

outubro 25, 2009

Chapter V

E a ansiedade queimava um corpo já agastado, semi-destruído pelos dias, pelos meses, pelas horas e milésimos de segundo. Repentinamente após aquela partida mais que desejada, a partir daquele dia no calendário mais que continuamente adiado e esperado, o espírito fundia-se com o corpo na plenitude de um oxigénio limpo, um azoto inerte, um efusivo suspirar. Anything you said to me was lost in ether overseas and timing changes everything when i was right . Alívio, pele ressequida por um suor oculto, ardida por um fogo invisível, afinal, fire walk with me .

Calma, harmonia, reorganização. Re-posição, ajuste, a uma nova realidade. À minha realidade, totalmente e fortuitamente roubada, violada. only you can make you happy oh . Naquele instante ela lentamente caminhava para mim, debruçava-se sobre mim, sorria-me como que troçava da minha ignorância. Da minha falta de senso, da minha perda, má sorte, falta de sorte. Onde tudo foi wrong.

Gent. Parte V .

Continuação de momentos, continuação de um emaranhado de raivas e incompreensões, de injustiças diárias com as quais tinha de lidar obrigatoriamente, necessariamente, impotentemente, imponentemente. Que me incendiaram a carne, a tolerância, que desafiaram os limites. Confronto. Tempo. Que me fugiu. Que operou entusiasticamente uma derivada parcial no meu peito, que me simultaneamente agrediu. Perda. De sentidos, de noções. De cores, de sabores. Confronto. Again. A necessidade de conciliar, a urgência em vingar, em vencer, em dar. O momento que aconteceu e não aconteceu. Ela. Sempre a mesma. Mudança? Nunca! Sempre a mesma. Eu a ter que saber lidar. Continuamente. Periodicamente, um cansaço incomensurável. Inviável, impossível. Não. Mais que possível. Muito mas muito desgaste. Felicidade. A saia branca e eu dormindo sobre a cama com o leve susurrar do vento, a percorrer o meu corpo. O pleno adormecer numa displicência sugada para dentro de um vulcão adormecido. Eu. Azul, rosa, branco. Branco, branco, branco. Necessidade, extase. Era para ser. Contornar. Teve de ser. Aceitar. Injustiça. Perfeição. The same freedom you feel is what's been blowing in my sail, since i arrived here . Que estava mais perto que nunca, que me acenava entusiasticamente. Saber esperar, saber ser dentro desse contexto já saturado e impregnado de um sensaboroso acordar. Acordar para mais um círculo vicioso de contar os dias e as horas para, finalmente, partir. De deslizar sobre o espaço que foi suspenso. Por mim. it's all or nothing .

Lisboa . Parte I .

E indiscutível parte. Insolúvel, estraçalhada e submersa. Nunca. A mesma. Eu que verti o passar dos minutos em pequenos tiques de corda. Entreguei-me. A ele, que me cedeu a glória. Esforço, concretização. Mesmo que mal tenha dado conta que esses mesmos minutos trespassaram a minha mente. Sucesso. Descanso. O merecido e eterno. Pertenças, too beautifull to fuck, ele. A casa, ela. Eles. Momentos, reencontros. Um correr para a plataforma brutal, cómico, auspicioso. Porque lá cheguei e fui recebida de braços abertos. Uma emoção inesquecível. Os segundos, as altitudes a atropelaram-se, o meu estomâgo a eclodir pela boca. Ansiedade a mais, quase estado pós-morten. Quase morte. Quase morri. Didn’t know you had it in you so be hurt at all . Pela primeira vez, em quatro meses e meio essa ânsia de viver, de sentir, de me entregar, de pisar a minha terra assolapou-me, revolvendo-me os sentidos e apoderando-se da minha embriaguez mental, masturbando-me o auto-controle. Troçando da minha própria intensidade, essa que hibernou por quase cinco meses. You waited too long . Enclausurando-se no restícios dos meus compartimentos internos, semi-cerrando um êmbolo hermeticamente fechado. You should’ve hook me . Onde toda a minha fúria de viver e a minha consistência se expandiam, ganhavam espaço, tempo e local. You lost control and you lost your tongue . Onde tudo foi possível.

You were fronting because you knew you’d find yourself vulnerable aroud me .

E foi aí que a Mrs. Cold cedeu e cedeu bem. Foi aí que esse muro de gelo se derreteu e se tornou vulnerável a uma realidade que sempre lhe pertenceu.

Nothing you can say is gonna change the way i feel .

outubro 11, 2009

Chapter IV

Amsterdam….amsterdam…..amsterdam….i'm getting lost in your curls . i'm drawing pictures on your skin .

so soft it twirls .

Uma cidade multicultural, mas também uma fonte inesperada de sensações, diferenças, atitudes, um novo mundo dentro do mesmo mundo, uma cidade dentro de um pais. Amsterdam tem uma magia especial não oculta pela sua conhecida liberalização em drogas e prostituição. Ali, a liberalização é de mente, de espiríto, de diferença aceite, de personalidades, de liberdade. Ali respira-se liberdade.

I don’t mean to seem like i care about material things. Like a social status.

I just want four walls and adobe slats

for my girls .

Várias cores entrecuzavam-se em ruas, avenidas, iluminavam bicicletas, pontes, rios, canais, lojinhas, flores. Havia um encanto peculiar em cada esquina e em cada moradia. Uma arquitectura que reflectia na perfeição todo o universo latente, uma originalidade que fervia à flor da pele, da pele de Amsterdam. Eram luzes, cheiros, sabores e toques. Toques em algoritmos não evidentes que nos levaram por um escuro, porém brilhante túnel posicionado ao longo da nossa curiosidade.

when it’s just precisely tuned . that’s how it comes out so nice .

E porque Amsterdam soa a Animal Collective....E sorrateiramente absorvi momentos, identifiquei uma mudança súbita que agora mexia comigo, me desafiava, colmatava os espaços deixados em branco, vazios, por ocupar, deixava-me à merce de uma reviravolta que clamava por uma osmose rápida. Sem tempo nem lugar para escolhas nem perguntas. E agora nada mais fazia confusão. This moment is yours and you can give it to someone else. Agora tudo se misturava em palácios ílicitos, em fontes que jorravam uma água divina enebriada por uma red light efusiva, gritante, premente. Que apenas lá se localizava, deixando espaço a todas as questões existenciais mais evidentes que podiam existir. Onde tudo tinha lugar.

Gent . Parte IV .

Up uneven steps and talking's hard

Um rol de experiências por provar. Um redemoinho de sensações eternamente adiadas, já recalcadas, ignoradas como que impensáveis. De um momento para o outro, parando para reflectir no meio desse turbilhão, encontrei o meu corpo simultaneamente adulterado e submerso nesse tsunami de novidade. i've been wasting all my time. Parecia que tudo era para ser tudo apenas naquele singelo instante, como se tudo lhe fosse dado a absorver como quem engole um meteorito agastado pelo tempo mas como que fosse antes do mais concedido em uma overdose. Em catadupa. Porque o que ele atravessou antes de tudo foi uma avalanche de sensações inimitáveis, incomparáveis, indissiocriáticas. with the devil in the details .

if i ever feel better....

Momentos, pessoas, minhas pessoas. Envolvida pelo ambiente de uma cidade por demais atraente, o desejo assolapou-me abrindo alas para um sentimento de compreensão e acompanhamento. Invadiu-me, preenchendo-me os sentidos, redescobrindo em mim os pontos de cruzamento entre a empatia e a amizade, recuperando em mim esse sentimento de pertença a alguém, a alguéns que antes de tudo me compreendem e me aceitam. you always smile upon me and i smile upon you...too. Na loucura, no desequilíbrio. and i've got no energy to fight. Na insanidade dos arrastantes, na perfeição de momentos. No ridicularizar de falsas profecias, de mal-entendidos na matéria que mais não fizeram que lançar ignorantemente faíscas de pretensão que teimavam em não queimar no inferno que os viu nascer. i can't stand to watch this . going down . De farpas que não me atravessaram, de circunstâncias que me surpreenderam, de vinganças que não me escaparam. he's a fuking pantomime . the devil in the details .

happy you're gone .

E ali , naquele dia, saí, no meu corpo imune dilacerei, vestígios de uma humilhação imperdoável, de um envolvimento dispensável, de uma novela de episódios insólitos, balanciei o meu corpo ao som delas, ouvi-as como que a ecoar no meu espírito, deitei-me ao longo daquele canal, respirando, tão somente. i'm the one to forget. the one you won't regret . Pela primeira vez expirando o ar puro, a harmonia que renascia das cinzas, que sempre ali residiu e que agora não me castrava o inspirar. Que agora me fazia viver. i know you think that you know me. cause it's been a long time.

so let me go. cause you don't.

and you'll never know.


Da Ressureição.

setembro 23, 2009

Chapter III [hard]

Give me hard times . I’ll work harder . Harder .

Em Patrick Wolf tudo foi hard. Bachelor foi o seu último album, que reflecte essencialmente um ultrapassar de algum desvio menos satisfatório na sua vida. Bachelor consegue ser consistente e autónomo, traduz a força, irreverência e desespero do músico, salientando o seu aspecto mais selvagem em busca de um horizonte perdido. Paz. Harmonia. Equilíbrio. Estabilidade. Realização.
I'll work harder . harder .

for resolution .


Porque as vezes quando tudo é hard é possível vislumbrar a luz que nos guia ao fundo do túnel. Quando essa luz apenas depende de si, a satisfação em devorar barreiras é enorme. Quando essa luz se balanceia em vertiginosas teias de aranha, criadas e transformadas por um exterior sujo e dispensável, torna-se quase impossível encará-lo como um mero ´hard times´. Porque automaticamente deixam de ser hard times. E passam a ser no times.

Gent. Parte III .

´eram gritos irreflectidos no espaço. Um espaço que não me pertencia. Eram risos, vozes, entregas. Era ele, esse ser dos infernos, era eu a ser totalmente estúpida. Para comigo, para com o momento. Era uma sala saturada, um vácuo que me sugava para dentro, sem hesitar. Era um controle perdido em pequenos derrames de insanidade, era um extase de desespero. Divided nation . In sedation . Desespero pela falta que ele, ela, ele e ela me faziam, agonia por ver demais, ser demais, ansia por viver. Somente ser. Sem direito a treguas. A contratos assinados em falso. Daí a minha revolta. O meu contrasenso. Fui imprópria, nao para o exterior mas para com a grua que sustentava a minha loucura. Louca, fui louca. ´Porque ela é uma desequilibrada, porque ela crasha quando não é o centro das atenções´.

Sombre Detune .Qual atenção, qual conhecimento de causa, julgou-me como se a podridão que o habita lhe concedesse tamanha clarividência. We have grown up to ignore . Mediocrity applauded . Porque nele apenas reside o vazio, pulsações dirigidas por instintos animais, colapsos temperamentais, desinteresse. Porque com aquela postura ele só perdeu, o paraíso no inferno, ´o mundo que não foi cor-de-rosa´, a desordem em encontrar uma ordem na sua fome. E depois eram elas, meros seres não-habitados, vagueando pelo meio do seu falecimento, seres que à partida morreram à nascença. Seres que se arrastavam atrás de copos, atrás de alcool vertido, atrás de si mesmas, ignorando que nunca se poderiam encontrar numa planície tão estéril. Who keeps score? Ignorance is still adored .

Show me some revolution .
E mais uma vez pequei. Não no interior do meu compartimento selado a carvão, riscado a azul. Fui eu, agi como eu. Acreditei em mim, venci por mim. Heteredoxo? Meu. Esvaí. Sabem o que significa dilacerar? Cortei. Como quem corta um tomate, esventrei a minha dor, distribui a minha insensatez. Aprendi. A ser, a mostrar, a discernir. Courage . A perder, a moldar. Dividi. O relativo do absoluto. Hesitei na escolha. Devorei o meu hard times. Engoli em seco. This battle will be won! Observei-a. Reflecti acerca do meu acto irreflectido, ponderei, senti pena. Mero arrependimento. Mera perdição. Recalquei. A sua ignorância, a sua linearidade. What are we going to do about this? Ultrapassei, criei. E saí, ilesa pela porta dos fundos, como se a minha identidade não tivesse sido atropelada por um veículo a 200 km/h. No matter what we say, no matter what we think . Lutei. Revolvi. Distingui. Suportei. This battle will be won! E no fundo venci. Ela foi ganha. flow sweetly . hang heavy .

Harder . harder . harder . now!

Num dia a dia insuportável fui sempre superior. If they only see you with their fear . Fui sempre eu. Fui sempre o que sou. Num quotidiano sufocante afoguei a minha revolta, exorcisando ofegante essa solidão pontual, abafando um vulcão que teimava em eclodir através da minha boca, do meu peito, do meu estômago, sobretudo através dele, perante ele adormecendo, sacrificando. And they only hear you with their pride . Porque esse sacrificio eu fui obrigada a efectuar , essa demora fui eu que suportei. Mesmo quando a minha pele efervescia em eczemas, cortes, cores, mesmo quando o sangue corria abruptamente de mim sem razão, sem origem. because i feel blind .

I will never read your stupid map . So don't call me incomplete .

Mesmo quando o cinismo e a imundice rodeavam o mundo que me circundava, por entre cada riso, cada confidência, cada noite, consegui sempre superar, esperando a sua partida, a partida de um inferno que inesperadamente tomou conta da minha realidade.

it's a hard lesson . oh let me learn!

setembro 08, 2009

Chapter II

Inesperadamente entre risos, personalidades, injustiças, noites, aromas, diferenças e cedências, assomou no horizonte temporal uma descontinuidade. No meu adormecido subconsciente formou-se uma indefinida vontade de ser. De conhecer. De possuir. Ganhou forma e relevo na inconstância do meu desejo. Do meu querer. Do meu consciente.

' . Era como se fosse a personificação do diabo, do ser do mal, porque incutido foi, intrínseco se estabelece, maligno se assimila. Assim ficou a interiorização, a imagem, a verdade. Porque a verdade pode ser verdade a qualquer momento mesmo que se baseie na mentira e nela cresça, crie raízes, se distancie ou se alimente. Dessa forma, ele foi absorvido, pela sua mente, pelo seu eu, por algo que apenas era sem qualquer tipo de interrogação metafísica. Estavam no seu local habitual, onde umas varandas brancas se entrecruzavam com blocos beges, onde escadas faziam ligação a andares todos eles claros, amplos, limpos, aparentemente limpos, muito ofuscantes na sua pureza, virgens. Ela estava ali, e naquele consciente, naquele segundo que passava, ele aproximava-se dela, e ela desligava mais do que ela própria já desligara do mundo, deixando-se conduzir por aquela imagem masculina e somente desejando que ele a consumisse. Porque era a raiz do mal, era a língua do ser das trevas que ela ansiava ardentemente que a percorresse sofregamente, intensamente, lascivamente. Porque a luxúria da sua intempérie batailliana clamava desesperadamente por aquela entrega, entrega essa que nunca sucedeu contudo agora se estabelecia, se vivia, mais do que se imaginava, se perdia, se integrava, se dilacerava em sangue, suor e dor.

Ele acompanhava-a linearmente no seu deleite temporário e nesse recôndito espaço incluso, libertava as hormonas que o destruíam, que deslizavam sobre as suas veias, que escorregavam em espiral por todos os seus interstícios corporais.

I’m not like all the other girls.

I can´t take it like the other girls.

I won’t share it like the other girls.

That you used to know.

E ali ela esvaía-se no seu eu sem pudor nem arrependimento, e ele apenas vertia, expulsava o veneno que o mantinha de pé, e novamente se erguia calmamente sobre si mesmo. O mal tinha-a possuído e ela apenas queria ceder à tentação porque nela podia sobreviver e aprender na emoção, ganhar na razão, perder na tentação .

Quando percorreu o seu compartimento, procurando peças soltas, e tentando aligeirar o espaço e o tempo que lhe restava, conseguia interiorizar limpidamente o quão circunstancial tinha sido a sua vivência nocturna. Porém quando o seu olhar se cruzou com o dele, ali, ela sabia que havia mais.'

Gent. Parte II.

E nessa melodia metafórica, irreal, impossível, nessa mentira quotidiana formava-se um crescente sentimento de equílibrio, de felicidade, de adulteração dessa mesma noção de harmonia. Acreditava-se no amanha apenas porque se vivia. Tolerava-se o exterior, circundavam-se as colinas respeitosamente estagnantes porque sim. Porque aquela paz, aquele viver, eram preenchidos, porque a falta de tempo aí se reencontrava com a ansiedade em catadupa com a curiosidade. Porque o tal mal, essa origem, essa forma humana, adoptava cada vez mais um espaço militarmente estável e apaixonante. Porque era o que se sentia ser do que propriamente o que se sentia por esse inferno. Porque o inferno transmutava-se em paraíso, falso, inconsciente, contudo palpável para a realidade. Porque aquele momento era o momento.

´e por entre pontes, abdicações, criações e ficções, mantinha-se o desconhecido, mantinham-se as indiscrições, as partilhas, as vivências. Continuava-se a respirar a mesma proporção de azoto e oxigénio que saturava o nosso psíquico e que preenchia, esvaziando, a nossa necessidade intelectual, temporal, local. Num espaço que cada vez mais fugia de mim.´

agosto 23, 2009

Chapter I

and thats what makes my life so fucking fantastic .

Um cheiro. Imenso. Um aroma que se perpetua pelas ruas, vielas, pelos soalhos quentes, húmidos, pelas moradias encarriladas segundo uma ordem harmoniosa, pelo constante, pelo plano. Planar visao. Por mim que entrei naquele carro sem saber para onde ia, partindo totalmente ao desconhecido. Receando uma desilusao premente mas nao ignorando aquele aroma que agora penetrava no meu espirito, entranhava-se na minha roupa, me possuía. Era um cheiro que a ele pertencia. A ela. Era o rosto da minha nova realidade.

Wrong. Wrong. Wrong.

Cheguei, a minha intemperie repousou sobre o arbusto da minha malograda sorte e caimos, juntos, na encruzilhada que agora se fechava a nossa frente. Cai. Mas revolvi. Revolvi sempre. Nao me calei. Nao quis consentir um fado daquele tamanho. Nao era justo. E durante dias lutei. Debrucei. Era a minha identidade que agora ganhava forma, uma nova circuncisao, uma nova aparencia. E nesse redemoinho visceral acabei por sucumbir, deixar-me levar, escorregar pela espiral que agora se apresentava diante de mim. Mais uma vez perdi o tempo, o meu tempo, fugiu sem eu dar conta, nao tive simplesmente tempo para reflectir. Fui sugada, completamente envolvida na minha nova realidade. Em pequenos momentos, pequenas instancias, pequenas diferencas de personalidade. Onde tudo parecia errado, porem onde eu propria cedia uma oportunidade a minha insanidade. E nesta nova etapa mergulhei. Profundamente.

Gent. Parte I.

Uma janela aberta, uma claridade exacerbada, uma calma continua, um espaço por conquistar. Onde lentamente e selectivamente repousei os meus pilares, onde concedi espaço. Novas noites, outras noites. Jantares, turcos, tailandeses, bares belgas. Outros sorrisos, outras atitudes. Legitimas? Sim. Mas nem sempre toleraveis, correctas. Duas semanas demasiadamente intensas. Ajustes. Como o meu corpo a um novo quotidiano. A um esforço diario que me consumia as forças. Onde cresci e metamorfosiei. Onde moldei.

Moldar?

too wrong .

Questões. A musica diaria enquanto ela conduzia airosamente, uma mente efervescente, uma postura atraente, agradavel, decidida, aberta. Postura essa que se complementava com a sua companheira de casa, de trabalho, de viagens, de partilhas, essencialmente de empatia, uma postura airosa complementar a uma postura calma, ponderada, racional.

Onde tudo quebrava e parecia assustadoramente real.

Porque nao havia uma fuga, havia uma continuaçao, com outras realidades, uma fusao com um novo mundo. Que em tudo parecia me alcançar, dando-me calma, como me dando agitaçao, orientando-me, como me revolvendo. Fazendo-me esquecer toda a injustiça, toda a ardua investida para vencer diariamente todas as batalhas, fazendo-me aceitar a minha sina, o contratempo, o obstaculo, fazendo-me simplesmente habituar a algo que seria impensavel se ele nao existisse.

E permitindo-me evadir, invadir outros territorios em mim, que jamais pensei que pudessem ser albaroados.

abril 04, 2009

life.effect

. completely out of control . i deserve that . sorry for the inconvenience .

Fevereiro. Não foi? Um mês. Passaram mais. Lamento. Enxorrada. Quase que não a sinto. Foi. É. Continua.
Vida. Naquele preciso momento senti-a. Patamar. Atinji-o. Sentei-me. Senti. Sentir ou persuadir? Consciência ou obrigação? Sabes o que não me sustenta? Eu mesma. Mas ali fui eu. Ali mesmo. Na perda, da derrota, nas mil batalhas volvidas, na dor, no cansaço, na guerra.

Duas batalhas perdidas, uma guerra ganha.

E ali tudo descaiu em cima de mim. Ali tudo era meu. Ali eu era eu. Convergiu. Ponto gravítico. Ascenção. Cor, odor, sabor. Sabes? Não. Foi demais. Porque naquele instante eu somente segui a linha. Sendo eu, sofrendo por mim e comigo acordando, comigo sonhando, arquitectando, formando, construindo. Se senti o peso? Foi demasiada força, determinação, discernimento. Naquele redemoinho de sensações fui eu sempre. Encontrei-me e a mim me prendi. Com uma corda débil. Prossegui, lutei, consegui. E agora aqui estou eu.

I never felt the pain but one day it came a little. Realize my fate.

Shut it down. Increase the pressure .

Estranho. Cartas, premoniçoes, futuros. Ditados. Criados. No fundo não houve tempo, suspiro, acção. Não houve minuto. Houve paz? Houve guerra. Houve algo que eu sempre precisei, clamei e me foi concedido. Felicidade? Extase? Não. Foi sobretudo estranho. Sobrenatural. Porque não houve tempo e assim simplesmente só pude lançar os meus braços no ar e carregar, segurar, suportar todo esse peso, como se apenas me fosse lançado. Segurei.
E continuei a levar com mais e mais toneladas. De confusão, ambiguidade, contra-senso, de surrealismo. Porque nele morei e quero continuar a residir. Foi estranho sim. Foi algo mais que incompreensivel. Se calhar mereci, se calhar teve mesmo de ser assim. Se calhar é esta a prova que eu preciso de ultrapassar para ser eu. De vez.

Cheguei. Aqui cheguei. Aqui fiquei. Aqui estou. Não houve tempo nem espaço e eu nunca soube viver sem ele. Sem eles. E aqui nem questionei. Vivi. Respirei. Mergulhei. Essa a palavra certa. Mergulhei. Profundamente. E agora aqui estou eu. E é quase inacreditável. Porém não chega a sê-lo pois no limiar do significado da palavra ‘quase’ vive a ilusão de um sentimento de pertença suspenso. Já não é preciso.

Todavia se for a reflectir, sim. So strange. Pode-se dizer uma avalanche que em tudo se assemelhava a um sonho. Pesadelo. Nightmare. What love does. Proferi-o várias vezes. What love does. Caminhei, sentei, mudei, dilacerei, esgotei, aniquilei, recalquei, suspirei, reclamei, perdi, ganhei. E de um momento para o outro continuei a precisar de saltar barreiras, de saltar cada vez mais alto. E fui consumida por um mar de fel, oceano de mel, pintas-me por cima, pintas-me por cima. Como foi possível pensá-lo, reflecti-lo, não, vivê-lo. Sabes? Era apenas. Era o momento. Da minha vontade? Talvez o erro seja sempre o mesmo, seja sempre meu, talvez haja uma culpa e seja minha. Talvez sempre a atracção pelo errado e a prepotência que tudo tem que ser como eu quero. Que tudo tem que ser quando eu quero. Mesmo que seja evidente a dissonância entre exterior e interior. Eu. Mas porque não pode ser perfeito ao meu jeito? Porque o tempo não pode dar o seu tempo? Poder ser apenas ele? Afinal não pode. Não comigo. Porque qualquer momento tem de correr mal, porque qualquer vertigem tem de ser colocada de parte. Porque qualquer pender leve da cabeça para trás é interpretado da forma errada. Porque qualquer característica comportamental é considerada dispensável, é deitada fora, num lixo. Será que eu sou esse lixo? Será que é esse o meu permanente futuro? Estou cansada de origens distorcidas, de consequências vincadas, de poemas destruídos, de um momento que não se mantém porque na realidade nunca existiu. Talvez o problema não seja meu. Porém queria acreditar que é. Queria. Eu juro a mim mesma que queria. Qual o problema dentro da minha visceral orgânica que não me deixa simplesmente equilibrar na corda que sustenta a minha existência? What’s a girl to do? Onde está esta resposta? Estará na abertura que aquela ponta de cigarro operou naquele vestido de linho branco? Bege? Estará por detrás dessa porta? Será através dela que se distenderá o meu mundo, onde basicamente grito, enfureço, balanceio, danço, agito os musculos, as vértebras, as veias, onde salto tentando atingir a qualquer custo esse climax que só eu o atinjo, sozinha, completamente sozinha, out of control, onde canto, grito, sonho, agarro-me às colunas, rebolo, chão acima, colxão abaixo, distendo a consciência, vertendo ódio nas paredes, derramando sangue sobre as minhas pernas. Acalmando-me em seguida, debruçando-me sobre mim própria. Sentando, rodando parada. Observando. Os estilhaços que me compõe e me cortam, friamente, sem dó nem piedade, num planeta estéril, condenado, ausente, voraz.

Now it’s dark .

Porque nem a minha libertinagem insana me concedeu paz, paz nesse amplo campo de satisfação, que é o desejo. Que nem o senti porque nem memória dele o tenho. Não será sempre assim? Para que serve a memória se não para ser selectiva, não para apagar momentos que apenas se viveram naquele segundo e nele deixaram de existir? Porventura no meio dos meus filmes estúpidos encontrei algum resto de discernimento.

One step inside doesn’t mean you understand .

Mas no meio dessa lúxuria em vão, desse poço grotesco de dor, de sexo, de inflamáveis ilusões, mentiras, perdas...

One step inside doesn’t mean i’m yours .

Sei. Sei porque assim o sou. Que ele existe, em mim. Está dentro de mim. Mas constantemente foge e me engana. Não o entendo. Sei que também não tenho que o entender.

I don’t know what you can save me from .

E talvez nunca o alcance. Mesmo que seja óbvio que só o conseguirei quando o possuir. Quando ele for eu e eu for ele. Quando essa relação deixar de ser cordial para ser passional.
Ele sempre ele. Ela sempre ela.
E no fim. No fim resulto sempre eu. Eu.

I will never read your stupid map. So don’t call me incomplete.

You’re the freak .