dezembro 31, 2008

. we won't return here .

Desta vez não há muito a dizer. Desta vez não consigo porque me amarga a boca recitar o ano. Porque também apaguei vários fragmentos e vivências de mim e assim recordá-lo pode soar a falso dado que me perco a tentar juntar as peças desconexas. Porque hoje sinto algo que me alimenta o espírito apesar de todo e qualquer percalço existencial. Apesar dos objectivos nem sempre tudo se alinha na mesma vertente mas isso sucede a qualquer um. Conflitos exteriores e interiores. Porém apesar de ter concluído o ano passado com outras perspectivas para o futuro, desconhecia que 2008 nunca poderia ser nada a partir do momento em que eu mesma não era eu própria.

Com 2008 eu aprendi muito. Aparte de todo e qualquer amargo de boca. Com 2008 eu aprendi que o caminho não é sair de mim, e fugir sem destino. Que a fuga se deve processar apenas dentro de mim e deve ser limitada por barreiras que só eu as posso traçar. E ultrapassar. Senti-o como duas etapas, quase divididas pelos 6 meses que ditam os dois semestres do ano, em que num eu lutei e perdi-me, tentando a todo o custo encontrar-me sem sucesso e em que noutro eu fui basicamente ajudada a a encontrar um caminho. Pelo exterior sim mas eu também soube reconhecer-lhe o cheiro, a cor e o sabor e agarrei-o a mim. Sinto e sei que a partir de um dado momento comecei a ser eu novamente, a encarar o mundo como ele é, a aceitar-me e....sim. Não posso negar que me apaixonei perdidamente pela pessoa que eu era em 2007. Que eu fui. E tentei a todo o custo apaixonar-me outra vez. Mas como poderia apaixonar-me por alguém que não estava presente? Agora sim, isso é possível. E sei-o, sei que são tudo momentos, sei que nada poderá ser o que era, sei que sabores e odores não se repetem, sei que as coisas nunca serão as mesmas. Que eu nunca mais estudarei ER1 ou PEQ1 a ouvir Au Revoir Simone, que eu nunca mais sentirei o meu corpo deitado sobre esta cama que se distende atrás d mim da forma como eu senti. Sei que a plenitude espiritual que me invadiu nunca vai me alcançar de igual forma. Contudo sei que existem outras formas, e que não devo, porque erro grave o é, desejar o mesmo, ver o mesmo, quando ele não existe.

Agora eu sou eu sim. E esse eu tem tantas sombras e feitios que me permitirá, sem sombra de dúvida, viver na panóplia de instantes e vivências que só eu terei possibilidade de oferecer.

Do Equilíbrio.

it's time to grin and bear
you've been told they don't know
you've been told their hands are tied
we won't return.Bom 2009 a todos. Que este ano seja para vocês aquilo que eu sinto para mim. E o momento é agora. É amanha. Do Futuro ainda não reza a história. E o presente é tudo aquilo que temos. Como certo.

P.S: Adivinha-se e conhece-se com toda a certeza que estes dois meses serão complicados e impossíveis. Por tal, e como se isso já não sucedesse, é com pena minha que 2009 vai ter de esperar por um post até Fevereiro. Nada posso fazer. A vida chama por mim mas no imediato e neste imediado eu não posso falhar. Obrigada pela atenção, obrigada pelas inúmeras visitas ao blog, obrigada simplesmente às pessoas que aqui vem e se interessam. Sejam elas do outro lado do oceano ou que morem a 30 m de mim.

dezembro 05, 2008

.the past is a grotesque animal

. 'Ela entrou numa esfera de papel banco, opaco, transparente, papel de cartão sujo, branco-sujo, bege, redondo, abaulado, em espiral, fechado e concêntrico. Entrou e viu azul. Era uma cor límpida, era uma necessidade premente. Naquele momento todo o impulso era mandatoriamente permitido até mesmo o mais vertiginoso, pois nela se concentrava toda a sede de vida. A recuperação da alma, a caminhada para o altar. Ela atingiu-o, subiu através de todas as vertentes que se dispunham no caminho, seguiu dirigida pelo seu instinto, pela sua fome, pela sua descentralização. Afinal todo o seu corpo esvaía-se sobre o seu próprio eixo, qual Nin em tempos de desespero narcisista.

. but even apocalypse is fleeting there's no death . no ugly world .

Ela visionou, alcançou, sentiu e viveu. Pôde(possivelmente pela primeira vez na vida) assistir ao seu equilíbrio, desenhado sobre o chão, sobre as paredes do seu quarto, pelo azul claro, pelo cheiro da madeira, pelo seu repouso. Observou-o. Completou-a. Ela era outra. Ela era apenas.

Será possível uma felicidade maior?

Ela não reflectiu seriamente sobre tal, na realidade isso não interessava, naquele instante tudo lhe parecia para sempre porque ela, tal como a dimensão do tempo, eram para sempre. Naquele momento nada mais importava, se o exterior a poderia incomodar, se simplesmente ela saísse de si e escorregasse sobre o abismo da impossibilidade, ele a existir localizar-se-ia a 1000 km do seu ponto de abrigo. Do seu ‘eu’.

Enquanto ela vivia nela mesma, ela respirava e transpirava sublimação. Sublimação do ser, do ter, do fazer, do querer. Era tudo concomitantemente adaptável. A diferença na sua vulgaridade mais próxima assemelhava-se à sua essência. Ali ela era ela. Contudo viveu nessa moradia tempos infinitos ignorando esse facto, o que a conduziu a sucumbir ao primeiro chamamento de uma doce tentação. A da emoção.

Que a experiência dita as regras ela já detinha conhecimento. Porém dentro dela a atracção pela emoção sempre foi mais forte. Era o elo entre o eu e o não-eu. De entre os arbustos quotidianos que dividiam uma floresta amena de sensações e inquietudes, surgiu uma porta. Uma transposição entre um terreno ambientado ao seu 'eu' e uma possível ultrapassagem nesse ambiente criado. Ela riu-se. Gargalhou ao olhar para a porta.

Let's just have some fun
Let's tear this shit apart
Let's tear the fucking house apart
Let's tear our fucking bodies apart
But let's just have some fun.

Soletrou as seguintes palavras: ’se eu a transpor vou-me divertir, vou apenas viver(e como por vezes viver pode ter tantas facetas e como pode ser tão cómico).’ Abriu-a. Entrou. Prosseguiu. Desceu. Subiu. Retrocedeu. E quando parou constatou que estava lado a lado a si mesma. Aí rodou sobre o seu eixo e apelou à sua consciência. Ela tinha fugido de si própria.Naquele preciso momento deu-se o clique. Depois de ter aberto aquela porta ela nunca mais conseguiu regressar a si. Dançou, desequilibrou-se sobre a corda bamba que ainda a sustinha sobre a sua existência e foi-se debruçando, em vão, sobre todas as aleatórias respostas que pretendia encontrar. Esforçou-se. Ai ela esforçou-se. Mas dali não saiu mais. Ela tinha-se perdido no parque de emoções que ridicularizou, subestimando-o ao ponto dele agora a controlar intrinsecamente. Todavia ela não foi assim tão sarcástica nem ingénua. Ao entrar ela sabia para o que ia, ela desejava-o compulsivamente mas o nunca poderia dominar. Aqui não era ela a dominadora. Porque no parque de diversões que é gerido pela emoção nada é controlável. Ela sabia-o. Mas estupidamente deixou-se ir.

. sometimes i wonder if you're mythologizing me like i do you .

Uma outra esfera aproximava-se dela lentamente. Era novamente branca, feita de papel, suja. Do outro lado, havia uma cor encarnada. Ela espreitou, ela entrou. Penetrou na esfera. Nesse momento era a esfera que entrava por dentro dos seus poros e a consumia num mar de fel. Amarga inocuidade, ela vomitou a sua inteligência posta de parte, a sua perspicácia. Ela viu. Conferiu. E ao fazê-lo vomitou. De nojo, de horror, de dor. Como um seco soco no estômago. Violence! Violence! E aí, em vez de enveredar pelo oceano de angústia que teimava em inundar a sua displicência, ela retrocedeu, chafurdando peremptoriamente na lama da sua luxúria. Que vergonha teria o seu ‘eu’ sentido se a tivesse visto.

. and in its eyes you see . how completely wrong you can be .

E continuou. Deixou-se ir. Forçou-se. Lamentou-se. Dor muita dor, confusão, muita confusão. Até chegar ao ponto de partida. Aquele que nunca quis aceitar nem interiorizar. Naquele segundo ela rodou mais uma vez sobre si e conseguiu vislumbrar espelhado no seu horizonte, a podridão do seu redor. Entre resíduos e detritos orgânicos ela encontrou a sua biologia encarcerada no seu leito humano. Sempre tinha sido assim. Ela sabia-o mas ela não o queria aceitar. but at least i author my own disaster, at least i author my own disaster. Porque em todos os momentos que a emoção tomava conta dela, 50% a guiavam ao reino da conjecturação profana mas outros 50% a revolviam no mesmo desespero sem causa. Porque não foi irreal tudo o que ela viveu mal atravessou a dianteira da porta, embora esse mesmo tudo tenha sido enterrado ali mesmo mal ela fechou a porta atrás de si, mal deixou de ouvir o estrondo da mesma a encerrar. Ela sabia que jamais encontraria a mesma porta porém ela cedeu, cedeu à sua insanidade e percorreu vezes sem conta o mesmo caminho procurando incessantemente o seu ‘eu’.

On the night you left i came over
And we peeled the freckles from our shoulders
Our brand new coats so flushed and pink
And i knew your heart i couldn't win
Cause the seasons change was a conduit
And we left our love in our summer skin

E rodeada por todo aquele amontoado de evidências e claustrofobia elementar ela ergueu-se sobre si. Concluiu que tudo aquilo que vivera tivera sido uma ilusão momentânea do seu ego, da sua procura pela palavra vida e corajosamente assumiu para si que sempre tivera sido um mero objecto descartável.

. i don't recall a single care . just greenery and humid air .

Outra esfera emergia no seu campo de visão. O mesmo branco, papel sujo, redondo, abaulado. A mesma cor do lado de dentro. Encarnada. Desta vez ela saltou, vorazmente como a sanidade corre atrás da racionalidade. Sentiu-se difusa, ambígua. Circundou-a uma panóplia de luzes incandescentes todas elas intermitentes sobre o encarnado. Andou, prosseguiu. Empoleirou-se sobre um escorrega cinzento-metálico e deixou-se deslizar. Era a sua paz que vociferava agora de alívio numa euforia grotesca, acompanhando a descida sublime dos seus membros agastados, saturados de tanta ansiedade contida.
Quando ela alcançou o seu destino, sentou-se e levantou o olhar. E novamente foi possuída por um foguete de audácia. Com a chave do parque de emoções cravado na mão perguntou pelo seu ‘eu’ e sorrateiramente por debaixo de um abeto incendiado ele assomou ensonado como se não dormisse há décadas.

. i find myself searching for old selves while speeding forward through the plate glass of maturing cells .

E naquele preciso ponto ela ascendeu ao patamar da sua libertação adulterada e largou, num qualquer beco da sua erótica perseguição batailliana, a chave que rompia as veias dos seus pulsos, subindo de mão dadas consigo mesma.

Ela finalmente encontrou o seu ‘eu. Ela finalmente reconheceu o seu ‘eu’.

Foram ainda avistadas várias encruzilhadas por onde ela caminhava contudo nada mais importava agora, porque agora ela revisitou o seu ‘eu’ e ela obteve a consagração divina.

A da existência.’


. but you know, no matter where we are . we're always touching by underground wires .


[ . muitas desculpas pelo atraso do post . ]

outubro 30, 2008

...só para mim.

Enquanto a chuva cai lá fora, o céu recobre-se de nuvens cizentas ocultando o sol. Aquele que me enobrece a alma. Ao que consta há 25 anos atrás, num domingo, chovia ininterruptamente. É a magia do 30.

Desde alguns séculos atrás que se festejam rituais pagãos. O chamado Halloween, dia das bruxas. Mas há mais, muito mais na beleza deste época. É o fim e o início. A morte e o renascimento. O fim do Verão, das festas do sol, da vida, daquela que apodrece. O fim e a morte. Para a resurreição. São estes os dias que vivemos.

Questões astrológicas ou não, será pura coincidência que estes mesmos dias sejam regidos por escorpião? Nada é por acaso.

Existe uma ligação, uma explicação, mitológica, empírica ou fantasma entre a necessidade de fim para ínicio associada as características temperamentais do escorpião. A 30 de Outubro, o aracnídeo já vai alto na constelação. Todas as estrelas de Oríon desaparecem à sua chegada. Morrem. São assassinadas, atingidas. Biaaaaaaaa, a pequena feiticeira. Eu via-a todos os dias, até as 8h da manhã! Era viciada na Bia! Ela corria e sacava do seu fio onde pendia um coração rosa, e com os seus super poderes de bruxa, lutava a favor do bem. Um dia quando a constelação de escorpião assomou no horizonte, estabeleceu-se o confronto mais dificil para ela. O mais árduo. Todas as suas energias foram postas em jogo. Eu lembro-me. Como se fosse hoje. Como eu gostava que aquelas cassetes antigas aparecessem. E eu as revesse. Bia a pequena feiticeira.

Há mais, muito mais no dia 30 que apenas o meu aniversário. É por ter nascido neste dia redondo do mês de Outubro, na mais simbólica época do ano que me regozijo. Não é por fazer 25 anos. Nunca me hei-de esquecer quando fiz 17 anos. Quase que chorei. Era demais, uma idade demais. Porque desde nova, muito nova, tive noção da minha juventude. Da minha infância, da minha pequenez. Agora já nem sinto os anos passarem. Sei que aparento uma idade que nunca mais voltará e nessa certeza sigo a minha vida. Porque são nos outros, em todos aqueles dias em que simplesmente a existência me pesa impreterivelmente, que me apercebo no quão volátil é a existência e a nossa própria vida. Porque na existência é que se perpetuam os nossos caminhos que nos fazem quer recuar, quer recordar que avançar. E hoje não, hoje eu festejo, não por ter 25 anos, não por acumular 25 anos de emoções, momentos, contactos e vivências, não por apenas ser lembrada. Hoje eu comemoro o dia 30, a beleza deste número, a importância deste fim do mês, o cheiro do halloween em 1999, 2000, em todos os dias/noites em que o coloco, hoje eu comemoro as madrugadas dos meus 16, 22 anos, comemoro a Sofia Gião e a Graça e mais elas todas que me ofereceram o ‘Adore’, comemoro o cheiro a chuva, Outono e Outubro. Comemoro acontecimentos que tiveram lugar e que nunca esquecerei. Porque da minha vida e de mim eu lembro-me a cada segundo. E é com base em todos esses motivos de comemoração citados que sou o que sou. No meu orgulho por este dia e pelo deslumbramento que há-de sempre operar em mim.

Viva os anos que viver.


estrelas. para mim. para mim. estrelas.

são para mim. estrelas para mim. estrelas. estrelas.

para quê? para quê? para quê?

estrelas para mim. só para mim.

para mim. para mim. para mim.

e a treva entre as estrelas....

outubro 25, 2008

. where i am .

[ . todos estes acontecimentos tiveram lugar e tempo numa etapa anterior, essa que não me foi possível exteriorizar e por tal vêm impregnados de memórias difusas. Assim podem surgir meio adulterados, contudo somente efeitos do tempo, tempo esse que não perdoa. Mas perdoem-me, caros leitores, por mais uma interrupção. Às vezes viver implica estagnar. Em certos campos. Implica apreender. Para depois expulsar .]

Entrei na ilusão de uma disponibilidade perdida. Inexistente mas antes de tudo renegada. Adiada, ultrapassada. Numa excitante mas enclausurante displicência. Onde aguardei e assinei mil tratados de paz e recompensa. Interior antes de tudo exterior. Indissiocriática mas possível.

E afinal o que é possível?

Dor, muita dor. Dor onde, que ela não se sente? Humor muito humor.

Vertigem. Da minha insanidade. Loucura? Reneguei-a. Verdade? Não tive culpa nem acção. Foi assim....calmamente, levemente. Se senti? Sim, aos poucos fui sentindo. Mas nunca acreditei. Por vezes é necessário que encaremos da forma oposta para tudo se desenvolver da forma certa. Certa? Desejável, merecível.

Tudo começou exactamente no mesmo dia em que terminou. Lembraste? Claro que não. Foi exactamente no dia 27 de Setembro de 2007 que o meu ano terminou. Sem hesitar ele amparou-me de uma forma notória. Estabilidade, palavra que encaixa na minha agenda de desejos na perfeição, estado pelo qual até sou capaz de vender o meu sangue. Porque a anemia que se estabeleceria nesse compartimento febril seria contra-atacada pela serenidade esgotante da minha necessidade. E assim tudo seria mais fácil. Mas não.

Ele veio! Ele chegou. Podia e farei um excerto, monólogo ou mesmo argumento, uma experiência de vida e emoções, do quanto pode ser um arraial. Ou do que significa. É incrível. Porque na realidade existem mesmo coisas fantásticas e coisas que nunca mudam. E nessa madrugada mudou. E mais uma vez, sim, deu-se o clique e eu deixei de ser louca para ser intensa.
Se me pergunto porquê? Pergunto. Todavia não me incomodou. Não roçou a minha pertinente curiosidade. Aconteceu. Antes agora que no passado, teria sido muito pior. Durante aquele espaço eu fui deixando réstias da minha infelicidade, da tragédia que se abateu sobre a minha consciência, e sim, eu terminei um ano e comecei outro. Exactamente no mesmo dia. 27 de Setembro. Claro que não te lembras. Mas nesse dia deu-se o clique, a viragem. O fim e o início.

Continuou. Abateu-se sobre mim um temporal. De vivências, emoções, contactos.

Continuou, continua, até agora. Só que agora eu paro. E até sonho. E nestes sonhos encontro-me em cem mil encruzilhadas. Se as reconheço como cantos da minha personalidade dilacerante? Oh a ambiguidade não me permite a ascenção a tal posto. Cor, cor, dor. Rima? Continuas a não ser necessário. Mas nestes sonhos e nesta minha análise interior chego a conclusões que não me sustentam. Não me encontro nestas questões, nestas linhas, nestas duplicidades, nestes desejos. Não. Mesmo que sejam legítimos e perfeitamente adaptáveis, não. Eu não sou assim. Ou não sou aquela que tem de ter para ser. E sinceramente é isso que agora, neste preciso momento, me incomoda.

. and the only thing keeping me dry is where i am .

Aparte de todo o vale que se apresenta diante do meu horizonte, de toda a planície deixada ao acaso, disposta ao meu alcance, de toda a invertida entre loucura e intensidade, incomoda-me. Sei que neste ponto tenho de virar para outra direcção. Direcção essa que não é tomada de uma forma tão ligeira como ‘esquerda, direita’.

happiness how did you get to be happiness

Como sempre. No fundo todo o nosso percurso tem um objectivo. Tem um rumo. O mais correcto, o mais nosso. Normalmente personalidades avessas ao equilíbrio encontram esta tarefa dificultada, mas não impossibilitada.

Sei que custará, e receio que não consiga. Por eternidades ou por momentos.

Contudo sei que agora, agora que tudo mudou, agora que me insiro num novo ano, agora que vejo o 30 cada vez mais próximo e fragilizo por com ele já não saber lidar nem identificar sabor ou brilho, agora que consegui singelamente aquilo que nunca pensei alcançar, agora que prossigo no caminho do fim de um desejo gigantesco, agora que me sinto rodeada, que preencho lacunas deixadas em branco, agora que as noites tem outra cor, que até os dias têm outra fachada, mas antes de tudo agora que me coloco em vários círculos....

Agora sei que há mais. E muito mais em mim.


. i want so badly to believe that 'there is truth, that love is real' .

. and i want life in every word to the extent that it's absurd .

setembro 14, 2008

. i'm deranged .

. come . admit it to me. have i become your enemy? .

Triste se assim for. Lembrar-me...sim triste muito triste. Quando penetro dentro do meu espírito e vejo duas paredes opostas a dividir um meio que não tem fim. Dividindo um eu de um não-eu. Afinal quem é o verdadeiro eu?

Boa questão, eu pergunto-me. Fantástica imposição, eu pertenço-me. Dilacero-me, existo, antes disso conjecturo.

Há coisas fantásticas não há?

Viver. A vida é basicamente o quê? E será que só aqui eu não me encontro?

Não me encontro.

is there a ghost in my house?

Acho que o senti, antes disso ouvi. Nesta leve, ténue, quase horrível dor de cabeça. Tipo deslizou e ecoou um som. Mas eu não quis saber. Estava tão absorta no meu sono, no meu encadear de sonhos que simplesmente deixei o som onde estava. Mas não. Ele nunca encadeia. Levantei-me. Acendi o candeeiro. Estava tudo normal. Em lugar algum podia ter deslizado nada, escorregado, caído, efectuado um mero distorcer da realidade. Aí, deitei-me, a luz apagou-se e concluí que eu é que distorço a realidade. Mas qual? Aquela que se me apresenta diante dos olhos? Mas como? Será que sou eu? Ou eu aqui? Será que já não consigo mais morar em mim ou comigo aqui? Será que em qualquer outro lugar tudo aconteceria normalmente ou sou eu que já não sei acontecer? Será que esgotei? Ou saturei? Será que me enjoei e já não consigo suportar mais? Será o quê? Não entendo. Não sei o que faz falta. Às vezes sei. Mas teimo em manter a ideia que as coisas tem de ser assim porque se foram assim um dia então não tem que ser de outra forma.

Mas sinto a falta. Sinto a falta de um ânimo que me fugiu. Sinto a falta deles, delas, dele, dela, sinto a falta de euforias, sinto a falta de um movimento que parece que desacelerou na minha vida, mas que curiosamente é como se eu o tivesse abandonado.

Na realidade, eu preciso de uma revolução. Uma estonteante revolução. Não sei se aguento até lá. Até porque quando esse lá chegar pode nada mudar. Sinto-me presa. Presa a arquétipos, a necessidades, a pensamentos, a sensações, a pressentimentos, a dia a dia, a uma vida que não me pertence mais, sinto-me totalmente presa. E pela primeira vez na vida reconheço a necessidade mais que urgente de dar um salto já, para um abismo, mas mais que tudo um abismo desconhecido, sinto a falta de um nada. De um tudo. Sinto a falta de algo que se calhar nunca tive, nunca aconteceu. Provavelmente sinto a falta de me reinventar a mim própria, de arriscar, de simplesmente viver.

Sinto a falta da intensidade que sempre morou em mim. Agora ela fugiu, escondeu-se. Emigrou. Agora eu sou louca. Não foi só naquele momento em que admiti sentir-me louca e dizer ‘agora sou louca’, nao foi só, agora não consigo conceber sequer certos passos, tão fáceis e certos do seu caminho. Parece que não os vejo, como se estivessem mesmo ao meu lado mas a minha miopia fosse demasiadamente elevada para me permitir discernir tal. Entre duas características comportamentais eu sinto-me completamente doente, psicótica, infernal. Quase até que uma repulsa por mim. Porque olho e não vejo.

E pensando bem, nem sei o porquê de ter cedido oportunidade a situações que nunca se passaram. Como se elas apenas estivessem agendadas no calendário. Fosse algo marcado. Não sei o porquê. E quando se desconhece a razão.....Não sei porquê essa corda, essa ligação, essa força toda que me puxa sempre e para sempre com a mesma obsessão....

Ai se fosse tudo tão simples como um fácil, ‘esquece’. Esquece aquilo que és. Esquece aquilo que te consome. Esquece o furacão que não chega. Esquece apenas que existes.

Como eu sinceramente gostava......

setembro 02, 2008

. too powerfull to fuck .

Talvez não tenha sentido, talvez as coisas não devam acontecer desta forma.

Talvez não me deva forçar. Incrível. Existem coisas extraordinárias. E neste preciso instante teve a sua graça. Mas já passou. Tudo passa, assim rápido, curto e eficiente. De uma forma fantástica. Eu que gosto tanto desta palavra.

Não sei e mantenho a ideia: não me devia forçar. Não são dias, nem horas. São incompreensões, são fugas. A um real que nunca me dará nada. E a pergunta é a mesma de sempre: e porquê? Cheguei a conclusão que a resposta é só uma: deve ser erro humano. A minha inteligência não é superior à minha ‘humanidade’. Que horror. Odeio esta palavra. Mas será que pode vir a ser? Inteligência ou noção da realidade? Aprendi em psicologia que inteligências existem muitas. E eu só devo ter algumas. Tu terás outras, o X outras e o Y outras.

Tava aqui a pensar na pura jovem Marie. De quanto puro pode ter. E é curioso. Tenho apetite por mais do género, por muito mais do género, ai que fachada ridícula, seguiria eu pelo mesmo caminho?

Hoje não, ontem sim. Amanha talvez.

E aí está o talvez. Sinceramente não mereço mas também não entendo. E quando não entendemos como podemos merecer?

E tudo se resume a um mapa, assim um mapa meio distorcido, em que cada país onde habita um sem número de ideias pode se localizar, confraternizar ou declarar guerra.

E as vezes eu queria declarar guerra a mim própria de forma a que no final apenas restasse aquilo que tem de restar, sem mais acrescentos, demoras, hesitações e dúvidas.

Talvez eu precisasse de adormecer da forma mais retórica possível, todos os dias, todas as noites e nesse hábito, construir noite após noite um arquétipo constante que me permitisse destruir os meus pesadelos e transformá-los em manipulações. Talvez todos os meus pesadelos acumulem toda a minha libertação. Demónios, visões, loucuras, espelhos, reflexos, perseguições, luzes, descidas, subidas.

É tudo tão claro, tão mais claro de se perceber....é tudo tão fácil.

E é tudo tão presunçoso. No que pode ter a presunção de realismo.

Na realidade, é uma grande gargalhada. Porque dos pobres de espírito não reza a história, nem nunca rezará. E é cómico.

Extremamente cómico.

Tão cómico que não sei se a partir de agora não conseguirei fazer mais nada que rir.

Rir disso, rir de tudo, de nada, do composto e do simples.

Daquele absoluto que nunca morará lá fora. E que encontrou toda a sua residência em mim.

agosto 02, 2008

. sexual suicide .

. Hoje acordei louca. Mas eu sou louca no corredor da minha inocuidade. Hoje pensei no que sou. No que faço. Hoje acordei agoniada, hoje acordei morta. Hoje levantei-me e acendi a minha chama permanente. Hoje tentei distendê-la de forma a não apagá-la. Hoje deixei cair um copo onde se reunia toda a minha insensatez e a minha teimosia. Hoje deixei que a doença que padeço me obscurecesse a realidade.

. if you find me, hide me, i don’t know where i’ve been .

O caminho que sigo. O caminho que se perpetua perante o meus olhos. O horizonte salgado. A necessidade de mim. Eu corro por mim. Eu vivo por mim. Eu dependo de mim. E permitir que esse desejo seja destruído pela minha estupidez. Pela falta de controlo. Pela falta de sabor. O sabor da minha pele, do meu sangue, das minhas lágrimas. A cor do meu rosto, da distância amparada pelos vértices das minhas perdas, da rebentação das ondas. Um mar que clama por mim mas que não me sossega a existência. Porque eu entrei, eu mergulhei, eu dilacerei mas eu não senti. E apenas sentir esta ansiedade que me enoja a alma a incendiar-me o simples passar das horas. Dos minutos. Dos segundos.

. she’s still calling around to find half an hour .
. she’ll always have a place in my mirror .
. she’s got no more time now she wants mine .

. É como querer expulsar. Não conseguir. Não tentar. Não respirar. Porque somente ambicionava que este sufoco me fosse retirado, não como quem toma um comprimido para esquecer mas como quem projecta a 1000 km/h um calhau volumoso que nos isola o estômago do resto do corpo. Como se eu pudesse cuspi-lo para a Índia. Ou talvez Japão. Mas que iria lá ele fazer? Nada. É como rejeitá-lo para a terceira Via Láctea. Essa onde coabitam seres que pudessem facilmente exterminá-lo e digeri-lo.

. Realidade. Na realidade eu nunca soube digeri-lo. Nunca se tratou de gerir. Porque não havia nada para gerir. E se for sincera sim custa saber. Custa ver. Custa aperceber. Custa também não estar para ver. E de um momento para o outro, não esperei. Fui apanhada de surpresa. Ouvi, senti. Novamente. Sim era dela também. Mas aquelas palavras, aquela melodia atingiram-me.

. but i’m all out too .
to thy self be true
to thy self be true
to thy self be true .

. De uma forma inexplicável mas passageira. Eu estava ali a lutar pelo meu último objectivo de vida, a correr atrás de um prejuízo que nunca promovi, mas a galgar montanhas e colinas. E depois parei. E ela desceu. Desceu e circundou-a tal como ele a circundou com a sua língua. Era fria. Estavam provavelmente uns 28 graus todavia eu sentia-a glaciar. Exactamente a mesma. Ela. Rodeou-a. Da mesma forma que aquele aparelho no dia anterior a esmagou. E da mesma maneira senti um aperto crispado. Um bater vil do meu pensamento, uma dor esquecida. Uma sintonia entre a razão e a emoção. Porque apesar dela ser imcomparável volumétricamente era como se pesasse como uma barra de ferro pesaria sobre o meu peito. Não era desespero, era honestidade, era um sentimento sincero, puro, promíscuo, sujo, real. Era uma memória, contudo uma memória apocalíptica. Não era complexa. Era bem simples. Expectável. Real.

. will we always be like little kids .
running group to group
asking who loves me
don’t know who loves me
it’s pathetic
it’s impossible .

. E se queres que te diga, eu sei. Eu confesso que sei. Sempre o soube. Porém que me adiantou saber? Mudou algo? Mudou a minha insanidade? Mudaram os meus horizontes? A minha perspectiva de vida? De fome, de luxúria, de sexo? Não mudou nada. E é curioso como me ofendo quando imagino que sempre fui um mero objecto sexual. No dele ou no pensamento de qualquer pessoa. Como se isso nunca fosse aquilo que eu procurava. Que eu sentia. Que eu queria. Que eu quero.

. there’s a new crime . let’s commit it .
. while we’re waiting on the next day . to begin it in the best way .

. Não, não sei explicar. Nem pretendo. Sei que me atravessam duas correntes opostas, em que me reviro de cada vez que uma delas me tolda a visão. Me escorraçam e atiram contra uma parede. Eu sei. Eu sempre soube. Eu estou cansada. Incrivelmente saturada de tudo aquilo que me preenche o espírito. Eu não estou cansada dele. Antes de mim. Anseio por mim mas já não sei viver comigo. Esgotei. Quero férias de mim. Gostava que estas férias não fossem apenas fisicas e circunstanciais, queria que elas fossem um instrumento que me proporcionasse a livre saída desta alma. Alma que me consome.

. please don’t be me .
. there are so many skirts under the table .
. none of these long legs are mine .
. she calls around, finds me crying .
. wish i were capable of lying sometimes .


. Estupidez? Sim admito. Possibilidade? Sim depende apenas de mim. Continuo a acreditar em mim. Na força das minhas obsessões transpostas para outros patamares. Continuo a olhar para trás e a encarar toda a possibilidade que me fugiu entre os dedos. Aquela, não que eu não soube agarrar, mas a que larguei, como se quando pretendesse, me bastasse apenas estalar os dedos e ela se recuperasse.

. hide out .
. love is hell, hell is love .
. hell is asking to be loved .
. hide out and run when no one’s looking .

. E sim eu detenho conhecimento que sou demais. Demais para ele, demais para mim. Demais para o mundo, que esse não restitui aquilo que perco todos os dias. Que ele nunca me restituirá nada que eu perderei, que basicamente isto não tem sentido nenhum. Que eu não tenho sentido. Que eu o perdi mas que alcanço. Que ele se fechou a um universo vasto que jamais terá capacidade para compreender. E mesmo assim eu deixo-me ir. Deixo-me invadir, deixo-me arrastar. Por mim é certo. Pelo que falta que me aparecerá um dia. Sexual suicide. É-o. Eu sei. Eu admito. Eu afirmo. Eu criei-o. Mais do que a doce voz da Emily. Eu sobrevivo com ele. E a única coisa que eu quero é libertar-me dele. De tudo. De mim.


. i only wanted what everyone wanted
since bras started burning up ribs in the sixties
favors are flying, faces are falling
all i desire is to never be waiting .

. there’s a new crime .

junho 30, 2008

o meu segredo*

Não queria perder a oportunidade de deixar aqui umas palavras, primeiro de desculpa sincera a todas as pessoas que vem cá, e segundo de pontuar este mês de Junho.
A epoca do ano é a pior, exames e trabalhos, sendo que este semestre é o mais complicado do curso, se bem que o próximo também se avizinha similar, mas não tanto, contudo sempre poderia ter sido possível uma actualização, nem que fosse discreta. A questão é que não é só a minha organização mental que nem é sempre exemplar, como este espaço perece de uma boa inspiração, inspiração que muitas vezes não surge. Com isto quero dizer que escrever, por mim fazia-o sempre só que o pouco tempo que me resta também não me permite o descanso mental necessário para fazer algo 'à altura'.
Desejo ardentemente que toda esta epoca passe, a entrega da primeira parte do projecto e discussão, para poder, aí sim dedicar-me um pouco a mim e a este espaço =)
Até la peço a vossa compreensão e mais uma vez agradeço a todas as pessoas que ainda cá perdem o seu tempo!

Mas como referi, não vou deixar passar este ultimo dia de Junho sem dizer que sim, eu amo, eu venero, eu idolatro totalmente esta estação, este mês, este calor, esta calma, esta beleza, esta felicidade que invade a minha alma. Em Junho eu sou feliz, no Verão eu sou feliz. Muito. E não consigo que ele me abandone sem lhe dizer o meu obrigado! E que vou sentir muitas, mas muitas saudades! Porém...vem aí Julho e Agosto...e a estação continua. E como eu espero que ela se mantenha assim.....

sonhavas uma estrela peregrina
uma clareira no meio da noite

o canto cristalino da guitarra
uma cama de folhas e silêncios

e adoraste o fogo das palavras
desafiaste o tempo e os seus mistérios

meteste por desvios a horas mortas
adormeceste em becos sem saída


sonhavas uma estrada sem regresso
súbita de pontes e surpresas

a vastidão serena dos desertos
a tranquila majestade das falésias


e a cada coisa que tocavas, davas-lhe outro nome
outro sentido

e era esse o teu tesouro, em ouro se tornava

o teu segredo

maio 10, 2008

. if i ever (can)feel better .

Porque as vezes lembrar não nos afoga a existência. Com isto recordo-me do vestido preto, que me ficava tão mal, das feridas que aquelas sabrinas me provocaram quando saí assolapada sem a minha identificação, dos possíveis 32 graus à noite enquanto enterrava a minha cabeça em orgânica, era um calor exagerado, possivelmente um dos dias mais quentes do ano. Da minha descentralização e da minha inadequação. Aquele espaço, aquele círculo de interesses e formas de ser. Sim ok, muitas delas legítimas, dinâmicas, merecedoras. Mas um meio no qual não me enquadrava. E misturando com vicissitudes emocionais resultou um caldo meio vasto e complexo.

Mas mesmo assim incomparável à actualidade. Como eu preferia sentir o ano atrás.

Talvez a culpa tenha sido minha. Talvez eu não tenha aberto os braços a este ano. Talvez eu tenha errado quando nem a cabeça levantei, talvez eu mereça. Talvez eu não possa pedir nada. Talvez eu apenas não consiga viver o óbvio. Porque tudo está vivo e eu, por mais que muitas vezes mergulhe, mantenho a saudade de um tempo sem fim.

I died a sudden death.
I made an awful mess.
I didn’t stand a chance

Isto de sentir saudades de nós próprios tem muito que se lhe diga. Será que estas mudanças são como a evolução do PIB? Ou simplesmente como a evolução das temperaturas ao longo do ano? Em vários anos? Nem isso podemos comparar porque até estas não são fieis.

Se for sincera, como sempre, mas mais que tudo sincera comigo propria:

Não entendo

E tanta vez não há nada para entender. E quase sempre nem sequer paro para sentir.

Hoje parei. Pela primeira vez dei-me conta que nunca parei no sentido do termo. Hoje quando me sentei, momentaneamente para fazer qualquer coisa, parei. E aí consegui perceber que nunca paro. E nao se fala em parar de ter algo para fazer ou nos ocupar a mente, sim parar. Não sei se isto também acontece com os outros ou se sou eu que não sei parar. Não faz parte. Sinto que é meu. É meu esse erro comportamental. Erro? Ou apenas coincidência? É uma boa questão. Fiquei assim uns segundos somente. E olhei de dentro de mim para fora. Sim o ruído interior, nunca o suportei, mas penso que nunca foi isso que me castrou esta possibilidade. Sentei-me e senti. Foi diferente. Foi novo. Completamente novo.

Someway, somehow. i’m going out now. it’s all about myself.E não. Não pensei que não era para mim. Penso que isso pertence a qualquer ser que encaixe em si a vivência da tal vida. Aquela palavra que a todos pertence contudo que a poucos se pode aplicar. E aí vi que há mais. Há mais para além dos movimentos, dos percalços, das emoções, das descontinuidades, das questões, das inquietações.

i can't wait, i can't wait, i can't wait...

E não serei eu uma pessoa inquieta? Demais? Sim o diagnóstico de ansiedade e o cloxam vão completar 5 anos em Agosto. Mantém-se? Claro! Ninguém disse que não. Posso eu culpabilizá-las? Tavez sim .Talvez não. Porque por mais que eu continue existirá sempre uma sombra a escurecer-me a alma.

There are things in my life that i can't control

Dos momentos que deixo para depois, das necessidades prementes, de todas as vezes que até acordo bem-disposta mas que passados 10 minutos já estou a amaldiçoar o pão que estou a comer, do autocarro que se atrasou, do que perdi, da chuva que cai, do frio que se dispôs, dos ténis que escorregam, das pessoas na rua, do meu pai quando aqui entra.

As vezes é estranho. Very very strange. E mais que isso confuso. Mas domesticável. Pulsões, sempre vivi para e com elas. Todavia quando elas adoptam outra cor poderei eu simplesmente reconhecê-las?

Tell me please, tell me please, tell me please…

Talvez esteja tudo aqui e eu não veja. Talvez tudo seja perfeito e eu não interiorize. Talvez não haja tempo para isso. O suficiente. Aquele que me permita encarar de frente todas as possibilidades. Guardando as do passado, regulando as do presente e mergulhando nas do futuro. Sem atropelar estes três tempos simultaneamente.

There's a part of my life that will go away
Dark is the night, cold is the ground
I am sure i'll come through i don't know how
They say an end can be a start
Feels like i've been buried yet i'm still alive
I'm losing my balance on the tight rope.

abril 10, 2008

[it’s all wrong] . it’s all right.

.Por vezes olho pa este compartimento que é meu e onde me encaixo, de uma forma pueril. Como se ele fosse assim desde sempre e para sempre existisse. Como se nunca tivesse sido dividido com ninguém. Como se ele me transmitisse várias sensações e noções do exterior. Como se ele fosse apenas uma redoma que um dia se me assemelhará a uma estufa em tons doces mas antes de tudo inexistente. Como se ao olhar para trás, daqui a muitos, muitos anos, ele apenas me parecesse obra e arte da minha imaginação.

.and so we disconnect, the room grows quiet around us.

.Existem coisas que fazem parte de nós, que intrinsecamente as ‘engolimos’ e as ‘defendemos’ como se alguém as atacasse constantemente, que invadem a nossa memória e constroiem um mundo onde diariamente assentamos o nosso percurso. Existem traços de personalidade que são irrepreensíveis e mais que isso são indestrutíveis. Intercruzam-se como desvios à nossa aprendizagem constante pela vida que nos assombram como figuras mitológicas, criadas à cem mil anos. Daquelas que surgem nos nossos sonhos para nos atormentar transformando um mero sonho num pesadelo.

.Evil was born and followed the boy.

.E juro que tentei fugir. Fugir entre correntes de inatacáveis inconsciências, de turbulentas visões escondidas onde se recobria o ténue desejo de as ultrapassar. Às barreiras que nasceram, não as que criamos nem construímos, aquelas que apenas surgem, do nada, quando menos esperamos e quando menos precisamos delas.

.everything comes around. bringing us back again.

.E como ela, deixei-me conduzir por um caminho obscuro iluminado por uma luz dourada por entre cortinas brancas queimadas com uma ponta de cigarro. Como ela olhei por entre esse círculo e apenas vislumbrei quedas, terríficos medos, pulsares, ansiedades, latejantes dores de cabeça, porventura até desequilíbrios, esses que nunca se pensara em adoptar. De novo. Porque quando o contrário assoma nada nem ninguém o deve derrubar.
E juro que tentei. Tentei perder-me nas ruas paralelas ao meu desencanto, a essas que se interpunham constantemente diante dos meus olhos e tentei seguir uma linha recta. Eu juro que tentei.

.its called the life effect. will it always surround us?.

.E ofegantemente desdobrei-me em mil parcelas distorcidas de uma vontade insaciável. Sentei-me e deixei o desespero apoderar-se de mim. Permiti que ela me suplantasse e em meros minutos cedi à minha loucura desmedida. Concedi-lhe que ela tomasse conta de mim e desfigurasse toda e qualquer racionalidade que ainda sobrevivesse em mim. Que sempre sobreviveu mais do que viveu. E como ela deslizei o meu corpo sobre aquele soalho desconhecido esperando que aquele momento se fechasse num cubo azul, num pano de linho branco queimado por uma ponta de cigarro. Contudo nem cheguei sequer a esperar. Ele encaixotou-se como se nunca tivesse existido e como se nunca uma força tão contida do meu ser se tivesse libertado.

.actions do have consequences. and yet, there is the magic.

.E depois pensei nele, sim, neste espaço que um dia penso reencontrar como inexistente. Não foi só ele que me fez falta como toda a linha recta que tentei seguir estes meses todos e em que me perdi continuamente. No rasto ou na insensatez da minha honestidade, vulgo imaginação fértil e espiríto criador. Porque podemos fugir à realidade gerindo um parque de diversões chamado manipulação mas não podemos tão facilmente enganar a ilusão quando elas nos ampara a necessidade.

E porque as necessidades criam-se e recriam-se. Destroiem-se e substituem-se.

.here is when we start. and where we end.Peço enormes desculpas a todas as pessoas que se dirigiram aqui estes meses, desde Fevereiro, e não encontraram textos nenhuns, de facto não tenho tido tempo para actualizar mas não pretendo deixar o blog morrer nem nada que se pareça, é o meu 'canto', é algo meu fez dia 15 de Fevereiro 3 anos, e não admito plausível esta pausa longa...por isso prometo que guardarei tempo para algo que me satisfaz e mais uma vez lamento a serio às pessoas que perdem o seu tempo de bom grado neste espaço! =)))

fevereiro 12, 2008

. portrait d'une femme .

[can't stand by myself. hate to sleep alone. suprises always help]

Tu não sabes o que queres da tua realidade. Tu não investes o que anseias na tua marginalidade. Vertes as insónias do teu próprio abismo estrutural. Há mas que isso. São impropérios justos à tua medida. São vínculos dobrados, distorcidos, ambíguos, insensatos. São vértebras estilhaçadas no nada, na saturação inatingível, na estupidez desacelarada. São critérios escritos ao acaso. Numa imensidão metafísica. Antes de tudo absoluta. Como se numa folha em branco se dispussesse todo o teu disforme esforço, esforço em vencer mais uma intempérie, em ultrapassar as forças interfaciais entre ti e essa parede lateral, oblíqua na transmissão desses devaneios letárgicos.

Je sais que tu n'aimes pas ta realité

É qualquer coisa como ver tudo a desmoronar sem tocar nas frágeis cordas que te ainda te sustentam nessa construção disfuncional. Como se nada se desequilibrasse quando tu propria já perdeste o controlo sobre ti há muito muito tempo. Como se essa palavra, controlo, nunca tivesse feito parte de ti, como se a ansiedade em que vives continuamente se repercutisse num vazio insano e preenchido por perfeitas indiossicrasias, fontes de linguagem cessadas, paradas, em caudal suspenso. E nesse vai e vem de metodologias estipuladas e seguidas, minuciosamente vinculadas no teu sistema autónomo, e mais que tudo nervoso, repousam vorazmente pequenas parcelas de suplícios malditos. Esses que também assentam no mar de necessidades dispensáveis, mas inquebráveis, gritantes mas extenuantes, essencialmente esquecidas e reconquistadas. Como podemos reconquistar algo que nunca tivemos?

[so don't get any big ideas, they're not going to happen]

.you'll go to hell for what your dirty mind is thinking .

E levemente levantas a cabeça e observas os fios, as cores, encarnadas e azuis que se distendem no teu céu, por ti arquitectado, apreendido, estendido. Levantas o olhar, ris alegremente, invades o teu corpo de uma certeza perene, semi.cerrando os olhos em seguida, apenas cheirando o doce aroma que se espalha, evaporando-se simultaneamente como se apenas fosse necessario utilizar um evaporador de um só efeito para o fazer desaparecer. E para nesse momento assimilares, entrando pelos teus poros, toda a inquietude que te dilacera as hormonas existenciais, e te adultera o aromático psiquismo. Podia precisar de somente três, três instantes, e tudo estava assegurado, calmamente a noção de espaço se perde, se destroi, se dimensiona.

.cause i know how it feels.
.filling in the blanks. looking on the bright side
.when there is no bright side.

São gargalhadas a ecoar num espaço redimensionado. Foi necessário um novo estudo. Uma nova projecção. Uma análise que permitisse de certa forma fechar o círculo, esse que desce em espiral para uma profundidade qualquer, já nem interessam os mecanismos através dos quais essa reconstituição poderia suplantar o que fosse. Só mandatório que dissociasse o indissociável. Quebrasse em dois a folha de papel amachucado, retido, queimado. Precisamente que quebrasse em dois, dividisse como se de uma linha recta se tratasse duas faces da mesma folha, para patamares diferentes, tais como no início. Só que essas partes tivessem um destino diferente. Que pelo menos assentassem na libertação enclausurada da sua displicência insadecida.

.if you always get up late you'll never be on time.

Que pelo menos transformasse o ilusório sentido de sonho numa realidade suportável e desvinculada.

.now that you've found it. it’s gone.

.now that you feel it. you don't.

you've gone off the rails.

De afectos e de riscos. Porque nem sempre um leva ao outro.

you paint yourself white.
and fill in the noise.
but they'll be something missing.

Peço desculpa a quem cá vem ver algum texto novo, estou mais de um mês sem escrever nada mas d facto não me foi possível antes. Epocas de exames...