abril 04, 2009

life.effect

. completely out of control . i deserve that . sorry for the inconvenience .

Fevereiro. Não foi? Um mês. Passaram mais. Lamento. Enxorrada. Quase que não a sinto. Foi. É. Continua.
Vida. Naquele preciso momento senti-a. Patamar. Atinji-o. Sentei-me. Senti. Sentir ou persuadir? Consciência ou obrigação? Sabes o que não me sustenta? Eu mesma. Mas ali fui eu. Ali mesmo. Na perda, da derrota, nas mil batalhas volvidas, na dor, no cansaço, na guerra.

Duas batalhas perdidas, uma guerra ganha.

E ali tudo descaiu em cima de mim. Ali tudo era meu. Ali eu era eu. Convergiu. Ponto gravítico. Ascenção. Cor, odor, sabor. Sabes? Não. Foi demais. Porque naquele instante eu somente segui a linha. Sendo eu, sofrendo por mim e comigo acordando, comigo sonhando, arquitectando, formando, construindo. Se senti o peso? Foi demasiada força, determinação, discernimento. Naquele redemoinho de sensações fui eu sempre. Encontrei-me e a mim me prendi. Com uma corda débil. Prossegui, lutei, consegui. E agora aqui estou eu.

I never felt the pain but one day it came a little. Realize my fate.

Shut it down. Increase the pressure .

Estranho. Cartas, premoniçoes, futuros. Ditados. Criados. No fundo não houve tempo, suspiro, acção. Não houve minuto. Houve paz? Houve guerra. Houve algo que eu sempre precisei, clamei e me foi concedido. Felicidade? Extase? Não. Foi sobretudo estranho. Sobrenatural. Porque não houve tempo e assim simplesmente só pude lançar os meus braços no ar e carregar, segurar, suportar todo esse peso, como se apenas me fosse lançado. Segurei.
E continuei a levar com mais e mais toneladas. De confusão, ambiguidade, contra-senso, de surrealismo. Porque nele morei e quero continuar a residir. Foi estranho sim. Foi algo mais que incompreensivel. Se calhar mereci, se calhar teve mesmo de ser assim. Se calhar é esta a prova que eu preciso de ultrapassar para ser eu. De vez.

Cheguei. Aqui cheguei. Aqui fiquei. Aqui estou. Não houve tempo nem espaço e eu nunca soube viver sem ele. Sem eles. E aqui nem questionei. Vivi. Respirei. Mergulhei. Essa a palavra certa. Mergulhei. Profundamente. E agora aqui estou eu. E é quase inacreditável. Porém não chega a sê-lo pois no limiar do significado da palavra ‘quase’ vive a ilusão de um sentimento de pertença suspenso. Já não é preciso.

Todavia se for a reflectir, sim. So strange. Pode-se dizer uma avalanche que em tudo se assemelhava a um sonho. Pesadelo. Nightmare. What love does. Proferi-o várias vezes. What love does. Caminhei, sentei, mudei, dilacerei, esgotei, aniquilei, recalquei, suspirei, reclamei, perdi, ganhei. E de um momento para o outro continuei a precisar de saltar barreiras, de saltar cada vez mais alto. E fui consumida por um mar de fel, oceano de mel, pintas-me por cima, pintas-me por cima. Como foi possível pensá-lo, reflecti-lo, não, vivê-lo. Sabes? Era apenas. Era o momento. Da minha vontade? Talvez o erro seja sempre o mesmo, seja sempre meu, talvez haja uma culpa e seja minha. Talvez sempre a atracção pelo errado e a prepotência que tudo tem que ser como eu quero. Que tudo tem que ser quando eu quero. Mesmo que seja evidente a dissonância entre exterior e interior. Eu. Mas porque não pode ser perfeito ao meu jeito? Porque o tempo não pode dar o seu tempo? Poder ser apenas ele? Afinal não pode. Não comigo. Porque qualquer momento tem de correr mal, porque qualquer vertigem tem de ser colocada de parte. Porque qualquer pender leve da cabeça para trás é interpretado da forma errada. Porque qualquer característica comportamental é considerada dispensável, é deitada fora, num lixo. Será que eu sou esse lixo? Será que é esse o meu permanente futuro? Estou cansada de origens distorcidas, de consequências vincadas, de poemas destruídos, de um momento que não se mantém porque na realidade nunca existiu. Talvez o problema não seja meu. Porém queria acreditar que é. Queria. Eu juro a mim mesma que queria. Qual o problema dentro da minha visceral orgânica que não me deixa simplesmente equilibrar na corda que sustenta a minha existência? What’s a girl to do? Onde está esta resposta? Estará na abertura que aquela ponta de cigarro operou naquele vestido de linho branco? Bege? Estará por detrás dessa porta? Será através dela que se distenderá o meu mundo, onde basicamente grito, enfureço, balanceio, danço, agito os musculos, as vértebras, as veias, onde salto tentando atingir a qualquer custo esse climax que só eu o atinjo, sozinha, completamente sozinha, out of control, onde canto, grito, sonho, agarro-me às colunas, rebolo, chão acima, colxão abaixo, distendo a consciência, vertendo ódio nas paredes, derramando sangue sobre as minhas pernas. Acalmando-me em seguida, debruçando-me sobre mim própria. Sentando, rodando parada. Observando. Os estilhaços que me compõe e me cortam, friamente, sem dó nem piedade, num planeta estéril, condenado, ausente, voraz.

Now it’s dark .

Porque nem a minha libertinagem insana me concedeu paz, paz nesse amplo campo de satisfação, que é o desejo. Que nem o senti porque nem memória dele o tenho. Não será sempre assim? Para que serve a memória se não para ser selectiva, não para apagar momentos que apenas se viveram naquele segundo e nele deixaram de existir? Porventura no meio dos meus filmes estúpidos encontrei algum resto de discernimento.

One step inside doesn’t mean you understand .

Mas no meio dessa lúxuria em vão, desse poço grotesco de dor, de sexo, de inflamáveis ilusões, mentiras, perdas...

One step inside doesn’t mean i’m yours .

Sei. Sei porque assim o sou. Que ele existe, em mim. Está dentro de mim. Mas constantemente foge e me engana. Não o entendo. Sei que também não tenho que o entender.

I don’t know what you can save me from .

E talvez nunca o alcance. Mesmo que seja óbvio que só o conseguirei quando o possuir. Quando ele for eu e eu for ele. Quando essa relação deixar de ser cordial para ser passional.
Ele sempre ele. Ela sempre ela.
E no fim. No fim resulto sempre eu. Eu.

I will never read your stupid map. So don’t call me incomplete.

You’re the freak .