outubro 22, 2006

this time i’m gonna keep it all from myself

A página em branco à minha espera, à espera do momento certo para derramar todo o emaranhado que se abateu. O vazio, o sem-começo, principio e fim de um conjunto linear de semanas passadas, vividas e adormecidas. O inicio do fim.
Porque o mesmo pânico que se instalou sobre este instante de procura das palavras certas quase se compara ao medo raivoso de mais uma noite relegada para uma segunda oportunidade disseminada. Porque mal parei para me observar, observar o que fazia parte de mim, o que construía a minha identidade como ser psicossocial em interacções psicossomáticas, em pedaços empacotados de forma disforme regulados por cancelas irregulares.
O medo, o pavor, a fobia, o transtorno, ninguém o suporta por nós. Os momentos, esses, são apenas enveregados por poeiras indistintamente humanas que nos percorrem as veias e nos fazem pulsar de dor, sufoco, agonia e terror. Porque custa olhar para o lado e perceber o que vai na interiorização existencialista de cada um e nós, nós perdidos neste emaranhado de papeis ascendidos a rigidos no poço infundado de criterios justos denominado sociedade. Porque crescemos e prosseguimos um caminho regido ditatorialmente pelo exterior.
Eu. A mim calhou, a mim sobrou. A mim foi, a mim será. Existe alguém que possa perceber o que é o confronto entre o ser e o não ser, o real e a fantasia, o embate de uma realidade completamente estranha a um mundo alheio a tal dinâmica no mesmo patamar de igualdade, mas que não a ofende, renega ou superioriza?
O confronto. Parte 1. Foi a parte mais dificil. It was the hardest part. Quem está preparado para tal? Quem sofre realmente com a subjugação da frustração do outro, esquecendo a vista à sua reivindicação de paz? Quem no meu lugar surportaria a semana que eu suportei da maneira que eu mantive os meus limites?
Parte 2. O depois. Conseguem perceber o que é deitar numa cama abafando os demonios criados à volta de uma palavra hedionda que agora batia exasperadamente sobre a minha cabeça, os meus instintos, as minhas pulsões? O nojo vertido em sonhos aleatoriamente espalhados em horas penosamente sofridas, a ideia constante de ter que aceitar o inaceitável, a repulsa pela propria identidade, essa construída por mim, sustentada por mim e por mim direccionada para um fim desconhecido? A duvida. O chegar a duvidar de mim mesma. O não se encontrar perante uma rejeição anormal dentro de um contexto banal. O dia a dia. A pena entorpecida na minha mente, na minha sensatez, no relegar para um posterior ultimo plano a minha sanidade mental. Chegar a casa, cada 21h da noite e pensar no tudo que ainda me poderia completar, no trabalho que realçava o obrigatorio mas que não deixava de me evadir num processo de recalcamento atroz, das horas continuas que passava ao seu lado, da absorção do seu cheiro em mim, do aroma inalcançavel para a concretização perfeita do meu ideal, em que nada nem ninguem o poderia parar, a dor que inesperadamente surgia uma semana e meia antes no fundo da minha barriga e o sangue escorrendo com um vale num dia que em tudo se assemelharia a um dia normal. A chuva e o vento imponentes no seu todo, circundavam o quotidiano lançando as chamas infernais do inverno, o ter que ser para poder continuar a ver, a ignorância dos demais perante uma situação que eu propria duvidaria se iriam aguentar, o constatar que a minha diferença apenas me concedia espaço para a compreensão do impossível, do geral e do particular. O sexo. O sexual. A fisica. A falta de engenho. O enquadrar no sentido promiscuo da luxuria proibida i’m falling for you, suddenly i realised that something is goin on O olhar-te de cima a baixo e por ti proprio suplantares essa fome inospita. A latejante sensação de desejo reprimido. O teu e o meu. Porquê mais o teu? E porquê? Havia necessidade de tanto egoísmo? He makes me want to hand myself over Compreensão. Não compreendeu nem nunca irá compreender. Mecanismos de auto-defesa em off generalizado com uma perda de carga constante. E depois disso? Continuar com a cabeça erguida, caminhar os mesmos passos percorridos dias antes, procurar pisar por cima de todos os comentarios desnecessários fabricados sem o unico intuito de libertação, escape, evasão E o meu escape? i toke your pain
Primeiro impacto. Parte 3. Uma maneira de ver as coisas 100 vezes mais inteligente que uma pessoa normal mas que não me poupou do sabor amargo de todas as manhas que acordava sempre com a mesma premissa. Porque as vezes so queria encostar a cabeça em alguem e sentir que essa pessoa estava do meu lado, que somente dissesse que sim, que estava comigo independentemente de alcançar o fundo da questão. Que apenas me soubesse ouvir sem julgar e fosse comigo ao fundo e regressasse. Que ao vir ao de cima apenas me observasse a ultrapassar tudo como eu sozinha ultrapasso todos os dias. this time i’m gonna keep it all from myself

outubro 06, 2006

it will be the hardest part

Vamos fazer qualquer coisa aqui que invista o espaço surreal perfeitamente sentido numa apoteose de sentimentos dilacerados, deixados no vazio oculto de imperfeições quotidianas.

[protége-moi de me désirs]

De momento deixei tudo pa trás, instalei um caleidoscópio de sensações ambíguas perdidas num rio de certezas estabelecidas segundo aquele sentido da verdade, da pureza, da honestidade.
Do vão, do véu, do juízo, do crer , do ser, do pedir. Do levantar da ponta minuscula no acreditar em vales diferenciados ao pormenor. Do enveredar pelo caminho mais circunspecto possível.
Deitar, balançar, adormecer. De repente não foi nada disto que quis para mim. Olhar para o outro lado do vidro e ver árvores a desaparecer ao som de uma melodia intrinsecamente fiel à existência dilacerante do ser. Um “i want more”, “I’m sticking with you”, um rolar desenfreado de ideais.
Saí, percorri, deparei-me. Alto aí, ela agora transborda. Furiosamente, oponentemente. Quem ousa? Nesse momento lancei as chamas da fúria encerrada ha momentos atras. Estava tudo tão perfeito....não me concedam o poder da dúvida. Acabo por ser implacável. E nesse instante vi-me a mim e somente a mim. Regressei e senti o pulsar mais extasiante da dor, aquela sufocada no latejante poço das amarguras vivenciadas e senti-o a escorrer pelas minhas pernas, as batidas ao fundo da barriga, o desespero em perder o controle num circuito fechado.
Cheguei.

E para quê? No fundo observamos a condescendência de atracções, paixões, empatias sentidas pelo exterior, vertiginosamente aceitamo-las e prosseguimos. Confusão, choque, ambiguidade ao extremo.
Pânico, não saber reagir. E de repente ver tudo claro como água. Medo do que se poderá passar. Não nojo, porque nojo remeteria para o inaceitável, eu aceito, eu apenas me interrogo como será. E morro de medo de perguntar. Porque não vou ser capaz de aceitar a resposta. Porque quase a adivinho.

.: and the hardest part was letting go, not taking part:.
..:it was the hardest part:..
..:and the strangest thing was waiting for that bell to ring:…
..:it was the strangest start:..

Passo a passo. Dia a dia. Estar ao teu lado, olhar-te nos teus olhos e tu não compreenderes a tempestade que habita em mim. Essa mesma que agora amenizada não deixa de me atormentar. Sentir que tu não percebes nada e eu não consigo me exprimir. Porque não sei. Porque nesse momento saberia o que dizer mas tu não saberias o que me responder.

Every time i think of you
I feel shot right through with a bolt of blue
It's no problem of mine but it's a problem i find
Living a life that i can't leave behind
There's no sense in telling me
The wisdom of a fool won't set you free
But that's the way that it goes
And it's what nobody knows
While every day my confusion grows

Porque num processo de fusão categórico, derramei uma vasta imensidão de certezas e dúvidas, de entrega total a uma desejo penetrante. E foi tão bom. E é. E foi uma sexta-feira tão perfeita, e tu foste tão perfeito. E gostei e quis e tive. E continuei e exasperei no sentimento mais contraditório do ser. Fomentei um intercalar de visões sinistras do mesmo ser, no antídoto estavelmente construído sobre amarras de papel. De fome e sede abrupta saciadas em pedaços meramente corporeos. Porque vomitei psicologicamente um enterrar de passados esquecidos e ultrapassados, medianamente corrumpidos por qualquer grito mais enraivecido do “interior”. Do receio longínquo do meu ser.

I feel fine and i feel good
I'm feeling like i never should
Whenever i get this way, i just don't know what to say
Why can't we be ourselves like we were yesterday
I'm not sure what this could mean
I don't think you're what you seem
I do admit to myself
That if i hurt someone else
Then i'll never see just what we're meant to be

E da mentira que me invade peremptoriamente. Oculto? Será que escondo? De ti, medes-me nos efeitos todos os dias. Retira dois por semana. Pensa no feriado. Levas o que podes percepcionar e o que não consegues decifrar de mim. Eu seguidamente permaneço incólume ao teu respirar. Sinto-o mas rapidamente dissocio-o de mim. As vezes imagino-o ofegante sobre o meu corpo, fecho os olhos e rejeito o que ouço instantaneamente apenas me deleitando com o que já não sei como conter. and the hardest part was letting go, not taking part. you really broke my heart. E tu vês isso? Não. Forte, fria e indomável, ascendência a Erika aspiro ser. No minimo compreender. Minto-te mas sinto que me mentes ferozmente, num terreno escorregadio de passos atras.
Eu aceito, eu revejo. Eu anoto e assino por baixo a acta criada no horizonte vertical da insanidade. Eu vou até ao fim.

Every time i see you falling
I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that i can't say


é inadmissível tanto tempo sem escrever nada, peço desde já desculpa a todas as pessoas que aqui vem e tal, mas assim de repente o meu dia a dia tornou-se uma correria, mas coisa que amo fazer na vida como sabem é escrever, estes textos chatos e grandes, daí a minha necessidade como escape que prometo que será mais frequente. Tambem farei um post de homenagem a uma pessoa que venero mesmo e que se casou faz mesmo pouco tempo....enfim....até la barata! eu farei! =)

New Order/ Bizarre Love Triangle

Coldplay / The Hardest Part /ouvida incessantemente naquela casa pelo meu carimbo preferido =P