Porque o mesmo pânico que se instalou sobre este instante de procura das palavras certas quase se compara ao medo raivoso de mais uma noite relegada para uma segunda oportunidade disseminada. Porque mal parei para me observar, observar o que fazia parte de mim, o que construía a minha identidade como ser psicossocial em interacções psicossomáticas, em pedaços empacotados de forma disforme regulados por cancelas irregulares.
O medo, o pavor, a fobia, o transtorno, ninguém o suporta por nós. Os momentos, esses, são apenas enveregados por poeiras indistintamente humanas que nos percorrem as veias e nos fazem pulsar de dor, sufoco, agonia e terror. Porque custa olhar para o lado e perceber o que vai na interiorização existencialista de cada um e nós, nós perdidos neste emaranhado de papeis ascendidos a rigidos no poço infundado de criterios justos denominado sociedade. Porque crescemos e prosseguimos um caminho regido ditatorialmente pelo exterior.
Eu. A mim calhou, a mim sobrou. A mim foi, a mim será. Existe alguém que possa perceber o que é o confronto entre o ser e o não ser, o real e a fantasia, o embate de uma realidade completamente estranha a um mundo alheio a tal dinâmica no mesmo patamar de igualdade, mas que não a ofende, renega ou superioriza?
O confronto. Parte 1. Foi a parte mais dificil. It was the hardest part. Quem está preparado para tal? Quem sofre realmente com a subjugação da frustração do outro, esquecendo a vista à sua reivindicação de paz? Quem no meu lugar surportaria a semana que eu suportei da maneira que eu mantive os meus limites?
Parte 2. O depois. Conseguem perceber o que é deitar numa cama abafando os demonios criados à volta de uma palavra hedionda que agora batia exasperadamente sobre a minha cabeça, os meus instintos, as minhas pulsões? O nojo vertido em sonhos aleatoriamente espalhados em horas penosamente sofridas, a ideia constante de ter que aceitar o inaceitável, a repulsa pela propria identidade, essa construída por mim, sustentada por mim e por mim direccionada para um fim desconhecido? A duvida. O chegar a duvidar de mim mesma. O não se encontrar perante uma rejeição anormal dentro de um contexto banal. O dia a dia. A pena entorpecida na minha mente, na minha sensatez, no relegar para um posterior ultimo plano a minha sanidade mental. Chegar a casa, cada 21h da noite e pensar no tudo que ainda me poderia completar, no trabalho que realçava o obrigatorio mas que não deixava de me evadir num processo de recalcamento atroz, das horas continuas que passava ao seu lado, da absorção do seu cheiro em mim, do aroma inalcançavel para a concretização perfeita do meu ideal, em que nada nem ninguem o poderia parar, a dor que inesperadamente surgia uma semana e meia antes no fundo da minha barriga e o sangue escorrendo com um vale num dia que em tudo se assemelharia a um dia normal. A chuva e o vento imponentes no seu todo, circundavam o quotidiano lançando as chamas infernais do inverno, o ter que ser para poder continuar a ver, a ignorância dos demais perante uma situação que eu propria duvidaria se iriam aguentar, o constatar que a minha diferença apenas me concedia espaço para a compreensão do impossível, do geral e do particular. O sexo. O sexual. A fisica. A falta de engenho. O enquadrar no sentido promiscuo da luxuria proibida i’m falling for you, suddenly i realised that something is goin on O olhar-te de cima a baixo e por ti proprio suplantares essa fome inospita. A latejante sensação de desejo reprimido. O teu e o meu. Porquê mais o teu? E porquê? Havia necessidade de tanto egoísmo? He makes me want to hand myself over Compreensão. Não compreendeu nem nunca irá compreender. Mecanismos de auto-defesa em off generalizado com uma perda de carga constante. E depois disso? Continuar com a cabeça erguida, caminhar os mesmos passos percorridos dias antes, procurar pisar por cima de todos os comentarios desnecessários fabricados sem o unico intuito de libertação, escape, evasão E o meu escape? i toke your pain
Primeiro impacto. Parte 3. Uma maneira de ver as coisas 100 vezes mais inteligente que uma pessoa normal mas que não me poupou do sabor amargo de todas as manhas que acordava sempre com a mesma premissa. Porque as vezes so queria encostar a cabeça em alguem e sentir que essa pessoa estava do meu lado, que somente dissesse que sim, que estava comigo independentemente de alcançar o fundo da questão. Que apenas me soubesse ouvir sem julgar e fosse comigo ao fundo e regressasse. Que ao vir ao de cima apenas me observasse a ultrapassar tudo como eu sozinha ultrapasso todos os dias. this time i’m gonna keep it all from myself