maio 10, 2008

. if i ever (can)feel better .

Porque as vezes lembrar não nos afoga a existência. Com isto recordo-me do vestido preto, que me ficava tão mal, das feridas que aquelas sabrinas me provocaram quando saí assolapada sem a minha identificação, dos possíveis 32 graus à noite enquanto enterrava a minha cabeça em orgânica, era um calor exagerado, possivelmente um dos dias mais quentes do ano. Da minha descentralização e da minha inadequação. Aquele espaço, aquele círculo de interesses e formas de ser. Sim ok, muitas delas legítimas, dinâmicas, merecedoras. Mas um meio no qual não me enquadrava. E misturando com vicissitudes emocionais resultou um caldo meio vasto e complexo.

Mas mesmo assim incomparável à actualidade. Como eu preferia sentir o ano atrás.

Talvez a culpa tenha sido minha. Talvez eu não tenha aberto os braços a este ano. Talvez eu tenha errado quando nem a cabeça levantei, talvez eu mereça. Talvez eu não possa pedir nada. Talvez eu apenas não consiga viver o óbvio. Porque tudo está vivo e eu, por mais que muitas vezes mergulhe, mantenho a saudade de um tempo sem fim.

I died a sudden death.
I made an awful mess.
I didn’t stand a chance

Isto de sentir saudades de nós próprios tem muito que se lhe diga. Será que estas mudanças são como a evolução do PIB? Ou simplesmente como a evolução das temperaturas ao longo do ano? Em vários anos? Nem isso podemos comparar porque até estas não são fieis.

Se for sincera, como sempre, mas mais que tudo sincera comigo propria:

Não entendo

E tanta vez não há nada para entender. E quase sempre nem sequer paro para sentir.

Hoje parei. Pela primeira vez dei-me conta que nunca parei no sentido do termo. Hoje quando me sentei, momentaneamente para fazer qualquer coisa, parei. E aí consegui perceber que nunca paro. E nao se fala em parar de ter algo para fazer ou nos ocupar a mente, sim parar. Não sei se isto também acontece com os outros ou se sou eu que não sei parar. Não faz parte. Sinto que é meu. É meu esse erro comportamental. Erro? Ou apenas coincidência? É uma boa questão. Fiquei assim uns segundos somente. E olhei de dentro de mim para fora. Sim o ruído interior, nunca o suportei, mas penso que nunca foi isso que me castrou esta possibilidade. Sentei-me e senti. Foi diferente. Foi novo. Completamente novo.

Someway, somehow. i’m going out now. it’s all about myself.E não. Não pensei que não era para mim. Penso que isso pertence a qualquer ser que encaixe em si a vivência da tal vida. Aquela palavra que a todos pertence contudo que a poucos se pode aplicar. E aí vi que há mais. Há mais para além dos movimentos, dos percalços, das emoções, das descontinuidades, das questões, das inquietações.

i can't wait, i can't wait, i can't wait...

E não serei eu uma pessoa inquieta? Demais? Sim o diagnóstico de ansiedade e o cloxam vão completar 5 anos em Agosto. Mantém-se? Claro! Ninguém disse que não. Posso eu culpabilizá-las? Tavez sim .Talvez não. Porque por mais que eu continue existirá sempre uma sombra a escurecer-me a alma.

There are things in my life that i can't control

Dos momentos que deixo para depois, das necessidades prementes, de todas as vezes que até acordo bem-disposta mas que passados 10 minutos já estou a amaldiçoar o pão que estou a comer, do autocarro que se atrasou, do que perdi, da chuva que cai, do frio que se dispôs, dos ténis que escorregam, das pessoas na rua, do meu pai quando aqui entra.

As vezes é estranho. Very very strange. E mais que isso confuso. Mas domesticável. Pulsões, sempre vivi para e com elas. Todavia quando elas adoptam outra cor poderei eu simplesmente reconhecê-las?

Tell me please, tell me please, tell me please…

Talvez esteja tudo aqui e eu não veja. Talvez tudo seja perfeito e eu não interiorize. Talvez não haja tempo para isso. O suficiente. Aquele que me permita encarar de frente todas as possibilidades. Guardando as do passado, regulando as do presente e mergulhando nas do futuro. Sem atropelar estes três tempos simultaneamente.

There's a part of my life that will go away
Dark is the night, cold is the ground
I am sure i'll come through i don't know how
They say an end can be a start
Feels like i've been buried yet i'm still alive
I'm losing my balance on the tight rope.