fevereiro 12, 2008

. portrait d'une femme .

[can't stand by myself. hate to sleep alone. suprises always help]

Tu não sabes o que queres da tua realidade. Tu não investes o que anseias na tua marginalidade. Vertes as insónias do teu próprio abismo estrutural. Há mas que isso. São impropérios justos à tua medida. São vínculos dobrados, distorcidos, ambíguos, insensatos. São vértebras estilhaçadas no nada, na saturação inatingível, na estupidez desacelarada. São critérios escritos ao acaso. Numa imensidão metafísica. Antes de tudo absoluta. Como se numa folha em branco se dispussesse todo o teu disforme esforço, esforço em vencer mais uma intempérie, em ultrapassar as forças interfaciais entre ti e essa parede lateral, oblíqua na transmissão desses devaneios letárgicos.

Je sais que tu n'aimes pas ta realité

É qualquer coisa como ver tudo a desmoronar sem tocar nas frágeis cordas que te ainda te sustentam nessa construção disfuncional. Como se nada se desequilibrasse quando tu propria já perdeste o controlo sobre ti há muito muito tempo. Como se essa palavra, controlo, nunca tivesse feito parte de ti, como se a ansiedade em que vives continuamente se repercutisse num vazio insano e preenchido por perfeitas indiossicrasias, fontes de linguagem cessadas, paradas, em caudal suspenso. E nesse vai e vem de metodologias estipuladas e seguidas, minuciosamente vinculadas no teu sistema autónomo, e mais que tudo nervoso, repousam vorazmente pequenas parcelas de suplícios malditos. Esses que também assentam no mar de necessidades dispensáveis, mas inquebráveis, gritantes mas extenuantes, essencialmente esquecidas e reconquistadas. Como podemos reconquistar algo que nunca tivemos?

[so don't get any big ideas, they're not going to happen]

.you'll go to hell for what your dirty mind is thinking .

E levemente levantas a cabeça e observas os fios, as cores, encarnadas e azuis que se distendem no teu céu, por ti arquitectado, apreendido, estendido. Levantas o olhar, ris alegremente, invades o teu corpo de uma certeza perene, semi.cerrando os olhos em seguida, apenas cheirando o doce aroma que se espalha, evaporando-se simultaneamente como se apenas fosse necessario utilizar um evaporador de um só efeito para o fazer desaparecer. E para nesse momento assimilares, entrando pelos teus poros, toda a inquietude que te dilacera as hormonas existenciais, e te adultera o aromático psiquismo. Podia precisar de somente três, três instantes, e tudo estava assegurado, calmamente a noção de espaço se perde, se destroi, se dimensiona.

.cause i know how it feels.
.filling in the blanks. looking on the bright side
.when there is no bright side.

São gargalhadas a ecoar num espaço redimensionado. Foi necessário um novo estudo. Uma nova projecção. Uma análise que permitisse de certa forma fechar o círculo, esse que desce em espiral para uma profundidade qualquer, já nem interessam os mecanismos através dos quais essa reconstituição poderia suplantar o que fosse. Só mandatório que dissociasse o indissociável. Quebrasse em dois a folha de papel amachucado, retido, queimado. Precisamente que quebrasse em dois, dividisse como se de uma linha recta se tratasse duas faces da mesma folha, para patamares diferentes, tais como no início. Só que essas partes tivessem um destino diferente. Que pelo menos assentassem na libertação enclausurada da sua displicência insadecida.

.if you always get up late you'll never be on time.

Que pelo menos transformasse o ilusório sentido de sonho numa realidade suportável e desvinculada.

.now that you've found it. it’s gone.

.now that you feel it. you don't.

you've gone off the rails.

De afectos e de riscos. Porque nem sempre um leva ao outro.

you paint yourself white.
and fill in the noise.
but they'll be something missing.

Peço desculpa a quem cá vem ver algum texto novo, estou mais de um mês sem escrever nada mas d facto não me foi possível antes. Epocas de exames...