dezembro 31, 2007

*between the click of the light and the start of a dream

Começou como devia ter começado. As barreiras que surgiram encontraram obstáculos a sua ascenção, foram derrotadas, por momentos assemelharam-se a quase intransponíveis, mas nada como o tempo, o tempo destroi tudo, o melhor e o pior. Foi fundamentalmente uma saturação. Inevitável, extenuante, disfarçada, vivendo como um camaleão ofegante e receoso. Era o de sempre misturado com o de nunca. Era o desiludir e as vivências usuais adormecidas em mantos surreais. Era uma luta, uma disponibilidade e uma perserverança. Mais que tudo isso era a viragem e a sensação de esgotamento. Fim. Necessidade de fim. Se bem que o fim abriu alas ao início.

.eu provavelmente morro com o fim da luta mas se te faz feliz eu paroNecessidades, as vezes não temos noção do quanto podemos sacia-las e das várias formas que podemos destrui-las, penso até que temos umas ideias pré-concebidas cobertas de pó e bolor de como as redimir. E por vezes enganamo-nos. E outras vezes até seguimos pelo melhor caminho que poderiamos ter seguido mesmo que durante o percurso nunca acreditássemos em tal escolha. Escolha amaldiçoada, muita força seria precisa para transformar uma queda abrupta assente em cordas bambas numa passadeira vermelha para o infinito. E ela chegou. E ela veio. E eu peguei nela e metamorfosiei os podres restícios de uma angústia extrema.

.wait! they don’t love you like i love youE nesse mesmo vale de promessas flutuantes no ar, nessas mesmas ondas sonoras, nas construções que tão serenamente lançei sobre o oxigénio, esse limpo e distante da claustrofobia interna em que assentavam os meus membros esgotados, alcancei[entre vértebras de ligações estilhaçadas e pensamentos linguísticos desnivelados] a tão ansiada vivência de tudo num só dia, dias esses que nadavam numa ansiedade extrema mas que rapidamente se volatilizavam em partículas de realização máxima. Porque entre as montanhas íngremes da harmonia reinava um esforço árduo que coloria os meandros dos arbustos selvagens da minha insensatez. Da minha vontade e da minha força.

it's not the way i'm meant to be it's just the way the operation made meUm vento sussurante, uma eclética comparceria de sons, dentro e fora de mim. O meu corpo deitado sobre uma imensidão de sentimentos obliterados, de raízes efervescentes distendidas em planos horizontais da minha inconsciência, vulgo essência, antes de tudo a possibilidade e a concretização. A total estabilidade e a loucura balançeada com a hipotética responsabilidade, a paixão. Uma paixão avassaladora que me consumiu o espírito. *between the click of the light and the start of a dream*. Eu deitada sobre um lençol cor de rosa com uns calções brancos, eram 3h da manhã e ouviam-se melodias, ouvia-se gritos por vezes, ouvia-se a voz da alma. A sussurar. Como ele.

you know that, you’ll go soon. you’ll find out so take me with you. always.E no vasto espaço que se abriu perante mim, retrocede na minha insanidade. [this could be a good time] Na química fina, nos interstícios ambíguos que fomentaram a minha languidez. [it's like learning a new language]. Na ridícula adaptação a uma etapa que se esperava perfeita. E onde eu perdi a visão para a nunca encontrar? Foi algo raro não contudo desigual, nem aterrador, foi basicamente uma continuidade de um sofrimento oculto, esse que desprezei mas que nunca me deixou. E agora, porquê ver as coisas assim? [if you don't bring up those lonely parts] Numa luta suprema perdida num interior obtuso? [She broke away] Foi um período de uma subida e descida vertiginosa para terminar numa plena sensação de absoluto. De sorriso estúpido estampado na cara. Por qualquer coisa em que nem acredito e nunca acreditei. Ou teimo em esconder de mim própria. Por algo que sei que não é tudo como também sei que não é nada. used to be one of the rotten ones and i liked you for that

you come here to me. she says brief things, her love's a pony. my love's subliminal.Na plena vivência de uma total integração fisico-mental assentei a minha vontade mas não baixei a minha defesa. Envolvi-me na minha contínua dependência dispensável. Porque ela sempre foi dispensável. Porque ela sempre foi conciliável. Porque ela pode ser gerida. E eu nao a soube gerir. Eu baixei e baixei-me indissociavelmente, retrocedendo dia após dia num devaneio amoral anacrónico. but if your life is such a big joke, why should i care? Mais que tudo quis ver o que nunca veria. Sabia que tinha ido mas que tinha passagem pa voltar e nem tombei na decisão, nem me assustou a infelicidade da chegada, muito pelo contrário, eu sentia apenas que me tinham cortado ao meio como o rasgar de uma folha em que eu estava do lado diametralmente oposto. E nessa posição eu sentia-me segura. Contudo permiti que me cortassem em mil pedaços de procuras constantes de um nada que nunca me desintegraria num todo.

when i stop thinking about it, it will come back to meSó que agora, agora que o tempo passa, agora que eu vejo o tempo passar, agora que paro para assimilar tudo aquilo que me faz falta e me corrompe de uma forma exaustiva e limítrofe, consigo realmente estipular o nada que suplanta as bases do todo e nessa direcção inteirar o todo que pode ser meu.

i left the others knowing, i had to work this by myselfE porque o tudo não tem que ter uma continuidade e porque nada se repete.

dezembro 10, 2007

i'm so sorry

Ela deitou-se perpendicularmente ao vazio adulterado dele. Naqueles lençóis corrompidos por aquela noite, iluminados por luzes ecléticas, dissonantes num espaço construído a partir dos seus elos carnais, observavam-se serenamente, como se fosse uma mera ilusão de óptica. As suas formas reflectiam num espelho meio enevoado, contudo podia se vislumbrar o contorno das suas silhuetas, as curvas esquecidas dela, o peito amplo dele, a fome renegada dela.
Ela abaixou-se, ficou junto do seu corpo, imóvel. Ele desenhou figuras ao acaso no ar, esperando que elas eclodissem em qualquer coisa de novo. Ela riscou a cinzento por cima das mesmas imagens, a tracejado marcou uma linha recta que disseminou dois pontos equidistantes numa longitudinal crença. Ele acreditou. Pegou num pincel e desenhou o seu corpo, delineou as suas coxas, fitou a pulsação enquanto docemente descia no seu leito, perdia as fronteiras, agarrava-as e deixava-as fugir. Ela ligava um rádio velho que ornamentava uma poltrona suja, riscada pelo passar do tempo, e ouvia.se uma voz brasileira, uma voz quente mas leve, mesmo muito perene, com uma letra assustadoramente real. Os seus cabelos dourados escondiam umas feições sorridentes, mantidas pelo decurso da sua propria ignorância, ela preferia não ver, preferia não acreditar e aí ele apoderou-se dela.

[eu assomava com um longo vestido branco, rodeada pelas luzes das vinte velas que circundavam a cama. Deitei-me, observei. Levantei-me senti-os. Circulei em espiral por aquele antro maldito, tentando assimilar o que dali restava e o que dali me podia suplantar. Eu necessitava de ser suplantada, ultrapassada no meu percurso enfatizado, arborizado pelas mesmas consciências absolutas que me colmatavam os vazios egoístas. Sensacionalmente os espaços deixados em branco pelo meu ego militante, aquele que já não dormia em mim e de mim se tinha afastado precocemente.
Aspergi-lhe o perfume, recuperei-lhe a insanidade, dexei.me conduzir através da minha propria vertigem que ansiava, num depósito de insaciedade metafisica, esse encontro temperamental, essa evasão assente numa premissa promíscua, antes de mais obscena do meu ser. De todos os pequenos pormenores que nervosamente engolia e que demoniacamente se distendiam aos meus pés]Ele reposou sobre ela, deleitou.se com as suas finas curvas, aconchegou as suas pernas entre as dela, percorreu-lhe o lânguido corpo, lambeu-lhe docemente o peito, puxou-o para si, para junto de si. tapou-a em seguida. Deixou-a guiar-se por uma escuridão profana, imperdoável na dissociação inesperada daquele compartimento, uma erva algures deixava-se queimar[eu parei e retrocedi na minha identidade, sentei-me, deixei-me sentir, pousei as maos sobre as minhas pernas e percorri-as serenamente], ele acariciou-a repetida e repetidamente até ela soltar um orgasmo material, fruto apenas do seu toque e da ascensão numa identidade já por ela empacotada em mil caixotes[caixotes esses que abri e respirei o odor que de lá transbordava, como se as debeis faces da minha loucura pudessem envolver a minha auto.contestação]
Os dois uniram-se, uniram-se em uníssono como numa bola de ritmos que balouçava de cada vez que ele perdia o controle sobre a sua orientação. E ela não mais podia fazer que baixar o volume à musica que perspassava e esticar os seus longos cabelos cor de mel num vasto lençol branco.
Eram dois, eram dois perdidos numa hora maldita, compurscada por efeitos cada vez mais longínquos da esfera que nos integrava.

[de fora dela consegui preencher as lacunas deixadas por ela, ela que nunca soube enveredar pelo caminho certo e deitei-me sobre mim sentindo o meu ritmo cardíaco cada vez mais acelerado pela irrealidade daquela transposição metafisica. Era anatomia demais, era sexo sem pudor, eram actos enfatizados e continuamente estilhaçados por comportamentos ambíguos dilacerados em salas ocas, limpas por vácuo e com vácuo instalado.
Era o forte odor a sexo, a entrega corporal, a transcendencia através da carne que se proclamava ali. Era eu a alimentar-me daquele espectaculo como se tudo pudesse agrupar em mil colecções de luxuria libertatária, era o observar daquele pedaço de imagem por ela invertido e por ele recriado. Era apenas o acto pelo acto de afuguentar o espirito enquanto acto de destruir a alma]

[e eu fiquei. Calmamente a espera]

why do you come here when you know it makes things hard for me?

i'm so very sickened. oh, i am so sickened now.