janeiro 31, 2007

wake up

"Ela todos os dias percorre um caminho por ela traçado, marcado por passos atrás e sorrateiramente enviesado, por partículas infinitesimais de procura sã do mesmo pressuposto. Contudo ela pára, estaciona ligeiramente o avançar na perdição alheia para concentrar a energia num precipício de esforço incansável, pára de forma a se observar de fora de um círculo fechado. Conclui que toda a base da sua essência era um ultraje suportado pelos mesmos membros esgotados e queimados de tantas perspectivas vivenciais. Rendeu-se à voz da experiência, do que pode totalmente reter dela, do que ela lhe concedeu como princípio de vida. E aí prosseguiu.
Completava os mesmos rituais que diariamente a enojavam e lhe indicavam o caminho da repulsa interior, o vómito contido, expulso em momentos inesperados de angustia, forças gritantes a deslocarem o seu sentido de orientação para um poço sem fundo, escuro e enganador. E nesse mesmo local, ela continua, dia após dia a perder mantendo a ideia que só está a ganhar. E está. Apenas assimila tudo que a realidade lhe escondeu estes anos e redime-se às evidências num processo compulsivamente excedido pela sua própria personalidade.
Senta-se, observa as pessoas à sua volta, a entrarem e a sairem do autocarro, senta-se sob o seu próprio silêncio criado unicamente para a satisfazer naquele antro de ruído ensurdecedor provocado pela sua mente atribulada. Já não se consegue ouvir mais a si mesma. Doi sequer ouvir a voz de um mero desconhecido que passa cantarolante pela auto-estrada paralela. Custa sequer pender os membros agastados para um descanso merecido. Qualquer aroma alcança-a com um sabor adulterado e vinculativo no seu gosto indefinido.
Ele olha-a da mesma maneira que qualquer outro dia como se fosse outro qualquer dia. Ela ignora, semi-cerrando-se no seu centro activo de preocupações, essa rotina forjada na qual assentou o seu fardo existencial, mas não consegue dissociar-se dele, permanecendo incolume à sua presença. Isso instiga-a. Incomoda-a numa proporção sem possibilidade de diluição possível. Isso torna-se um peso que ela tem de aguentar até um dia, que ela nem sabe quando chegará. Entra no autocarro, passa uma avenida, uma praça, uma travessa, a rotunda e o som cresce exponecialmente no seu interior eternecido por aquela presença. Sabe que ela não existe mas mesmo assim continua a declinar o seu espirito e a afaga-lo como se tudo fosse palpavel. Ele adopta a postura de ignorante como se isso o defendesse para a vida inteira e aligeirando a situação, retribui na mesma percentagem a desilusão inter-pessoal que criou nela.
Hora após hora, quando ela contacta com os rituais que estipulou, tudo se evapora num ponto de ebulição abaixo de zero, e novamente a sua existência pesa.lhe impreterivelmente. Quando será que ela irá acordar deste pesadelo?"

Something - filled up - my heart - with nothing - someone - told me
not to cry. - but now that - i'm older - my heart's - colder -

and i can - see that it's a lie.
children - wake up - hold your - mistake up - before they
turn the summer into dust - if the children - don't grow up
our bodies get bigger. but - our hearts get torn up - we're just - a million little
gods causing rain storms - turning every good thing to rust
i guess we'll just have to adjust.
with my lighning bolts a glowing
i can see where i am going to be when
the reaper he reaches and touches my hand
with my lighning bolts a glowing i can see where i am going
better look out below


The Arcade Fire Wake Up

3 comentários:

Anónimo disse...

Sublime.
Beijos V.

Anónimo disse...

ei amiguinha cmo estas?
nc + apareceste nu msn, axo mmmt mal! ja acabaste os exames?? pronta pa me aturar dp? lolololo
gostei mt do teu textinho!! continua assim amiga
beijinhos

Anónimo disse...

anteontem o alex disse que já não podia mais ouvir falar em ti. diz que estava farto.

tou com uma vontade louca de comer ameixas mas mesmo ameixas, e não existem em lado nenhum.



olha acho que estou com frio, vou calçar umas meias.