fevereiro 18, 2007

i'd curse my heart

Pack up. I’m straight enough.
Oh say say say
Oh say say say
Oh say say say
Oh say say say

Se pudesse encontrá-la dizia-lhe que é impossível uma fuga que não recaia sobre o próprio círculo de que ela pretende exorcisar. Diria-lhe que o arrastar de uma mala pesada sobrecarregada de acumulações grotescas do ser, nunca a conduziria ao patamar e ao encontro de um refúgio em si mesma, antes a um pulsar metafórico que insistentemente se extravasa por correntes impuras. Que a música que ela ouve depois de um amanhecer numa estação de comboios na fria Escócia, apenas imortaliza a sua imagem serena em tons de encarnado escuro. Em vozes perdidas num ambiente exageradamente saturado.

Sentiria que ontem, tal como hoje, enveredamos caminhos que nos valorizam a nós e ao nosso espaço, ao que precisamos de encarar de outra forma e ao que esgotamos dele. Que um sair e entrar de nós mesmos nos leva escorregar numa espiral que pretendemos ao máximo evitar, mas em que nos agastamos cada vez que a encontramos.
Fomenta-se mentalmente uma fuga baseada no ir. Sair. Mudar. Alguma sensatez em actos perdidos? Consciência de uma fonte promíscua a penetrar-nos o corpo, criando um poço de repulsa momentânea, um esgar de uma luxuria proibida mas que nos transcende e arranca do mais profundo nível uma agonia contida, um vómito dilacerante, uma criação soturna de um vasto conjunto de acontecimentos não evitáveis. De um suspirar por uma normalidade que nunca acontece.

A necessidade. A vontade. O procurar. Circundar esta sensação de loucura, de nojo estilhaçado, de recordações em locais passados, de ouvir um ‘bem-vindo ao passado’, de custar por mais que se pense que somos alheios a algo que não controlamos. De encararmos comportamentos e decisões, que por um breve segundo, nos reviram e nos estendem os membros numa forma disforme repleta de ambientes ambíguos e permissivos de um sufoco irascível. De gritar sonoramente calada enquanto acompanho o caminhar de um trilha qualquer para me conduzir a um local qualquer, o qual apenas o atingi com um único pressuposto, premissa essa inválida porque inantigível se cria e esgotadamente se destroi. Purple washes over me, seeping through my open seems, I’m stained all over.
Cansa. Chegamos a um ponto que satura. Não satura olhar para mim porque a mim me habituei, custa sair de mim e aí permanecer longe, silenciada, espectadora, do que me redundantemente foge, alcança e deteriora. Engana a observação de meros pedaços da minha essência a contradizerem-se por trechos rápidos de melodias criadas por compositores malditos, esses que vertem um suplício de cores, odores e sabores, de dimensões e gratificações, essas pagas na base do desgaste humano. Silence makes a girl talk fast speeding but I’m gonna crash, and burn for love sakes.
E no fim. No chegar. Do desejar ardente do espaço por mim contruído e por mim abandonado por meros instantes que me pudessem devolver a identidade amalgada, distorcida e recriada, por constatações incansavelmente duras de meses e dias passados, em que o exagero de uma intensidade sempre presente no quarto ao lado, me catapulta dia a dia para uma montanha-russa de pânico distinguido por etapas esféricas. Pela tridimensionalidade de uma transfiguração existencial.

Pelo arraste de um sabor adulterado, pela corrente fria que me atormenta a alma e me entorpece o corpo, pelo vulcão carnal de uma desilusão assente em sentimentos (in)destrutiveis. Wait! They don’t love you like i love you. Por mesmo assim partilhar o que não compreendes, sabendo que uma palavra qualquer me afaga essa fraqueza, assolando fugazmente este momento, aquele onde colidem todos esses ideais, esses que lhes perdi o sabor e a visão, concedendo-lhes um vasto sentido de orientação em todas as direcções. You pretend we’ve started again, waiting for me to say when. But I say purple. Por me imaginar a evadir-me de uma sala fechada onde grito vorazmente simultaneamente que me invades freneticamente contra uma similar parede, mesa ou espelho fechado, onde aos meus olhos te manténs como objecto de saciedade mútua e onde eu te assemelho a algo que anseias ecleticamente no teu profundo poço de recursivos processos de recalcamento. Onde se mistura o teu odor pelo meu amor por ti, pelo teu cheiro, pelo teu corpo, pela tua voz, pela tua pele, pelo teu olhar, pela minha insegurança, pelo teu sexo. Duty keeps a lover loyal but is it really worth the spoils when i dream purple. Onde se captura um pequeno gesto de reciprocidade alheia aos nossos sentidos. Made off don’t stray. My kind’s your kind.
Mas o que resta sou eu a alimentar-me dessa ligação, no pedaço temporal de um mapa onde se estende o desassossego inquietante em que assentou esta ponte obscura, mas não oculta, das nossas racionalidades tão distintas. I’ll stay the same.

She won’t go where i…I would go for you
I’d curse my heart

For you@cansei de comentários a seja o que for, de compreensivel ou indivizivel, e nesse âmbito perdi a vontade de manter comentários a qualquer coisa que escrevo, não me sinto à vontade que comentem muita coisa que não tem comentário possível, afinal crescer tem sido a palavra de ordem em mim e aprender a viver com a incompreensão também. Apenas sinto vontade de expor o que seja. Existem mesmo certas coisas que so servem para ser observadas. Admiradas. O que for.
Curiosamente o blog fez dois anos no passado dia 15 de Fevereiro e como não me foi possível escrever nesse dia dado que estive ausente, aproveito para dizer que é notorio uma nova etapa do blog com este novo ano, o que vem de acordo com esta decisão que tomei. Nunca pensei que continuasse a dispender tanto tempo pa escrever por aqui mas pelos vistos isso continuou.
Já agora agradeço as todas as pessoas, amigos, meros visitantes que aqui deixaram os seus comentários e a todas as pessoas que por aqui passaram, as 7392 visitas =) Obrigada =) Espero que continuem por cá.

btw:

Yeah Yeah Yeahs / Maps
Skin / Purple