janeiro 13, 2007

none of you can make the grade

Habituei-me a mim. Habituei-me à perene necessidade de solidão que recolho honestamente em compartimentos coplanares da minha existência. Não parti mas já não sei voltar. Deitei-me sobre um terreno movediço apenas e somente para me observar a mim a vacilar por entre as amarras que me prendiam ao passar do tempo, dos segundos, da eternidade do tempo, da questão do tempo. Parei para fixar o sangue que docemente me escorria e se misturava com a àgua abundante, que se assemelhava a um fluxo estagnado da minha auto-sustentação. Habituei-me a mim, aos acordes momentâneos da minha loucura restabelecida em projectos estipulados por etapas lineares, adormeci o silêncio que me evadia nos pequenos resticios de uma paz ancorada no vulgar. Ando as voltas a esquecer quem sou. Cedi em mim um espaço para a auto-contestação, para o viável e o indivisível, para o possível e o real arbitrário. Constatei que não preciso disso. Encarei a possibilidade de absorção no vulgar metafórico que me circunda. Prossegui dissociável. Porque o sou. Retrocedendo verifica-se que na base, no último segundo, o desespero de uma amargura contida durava segundos. Meros. Que o turbilhão experimental, que se transformou o meu livro aberto, se espelhou em escapes criados para uma fuga impossível. Bebo a noite até o sol chegar. Ele sempre me encontrou. Mas mais levemente. Mais pausadamente vi que os laços que nos ligam uns aos outros são facilmente quebrados da mesma forma que os criamos para mero aproveitamento psicológico e espiritual. Porque pode-se ouvir a mesma musica e não se apreender da mesma maneira a mesma essência. Porque pode-se ser e não se ser no mesmo patamar, pode-se escolher ser e escorregar metodicamente por escadas criadas no nosso ‘eu’. Pode-se não compreender, pode-se pensar que se compreende demais e ficármos aquém das expectativas, pode-se inclusivamente atingir um limite para depois se admitir que ele não existia. Pode-se viver e apreender uma simples realidade que não corresponde à realidade.
None of you can make the grade
Correr. Ficar. Perder. Querer mais. E agarrada aqueles meros minutos, aquelas batidas, ao sintetizar de um pôr-do-sol adiado, ao esperar numa penumbra no raiar da manhã, estende-se a fome na indiossicrasia agastada dessa luz. Já não sei viver sem ter que viver. Eleva-se, excede-se, compartilha-se dentro desse círculo fechado o próprio horizonte interior, penetra-se esgotadamente, e insiste insiste insiste. Escreve-se e deita-se fora. Fora para onde? Fora mas dentro deste poço obrigatório que se tornou a confusão mental baseada na vida real. E o que me dão já não sei gostar. E é tão natural como a inevitabilidade do tempo. É tao incontestável como as construções patéticas que criamos para sobreviver no próprio lixo que fomentamos. E é tão humanamente estupido permanecer no acreditar dessa ridicula utopia. Não se perde o que não se quer ter. E depois? Depois advém a incompreensão. Advém o estar. O procurar estar no seu estar. O não fugir, muito pelo contrário, o enfrentar bem de frente, destruindo aos poucos a muralha que teimosamente alimentamos para nos escondermos de nós próprios. E quando a levantamos temos medo. Um medo dispensavelmente pertinente assente na farsa que dia a dia mantemos. Mas depois existem outras essências. E outros arquétipos contínuos. E é exactamente aí que me encaixo, e me habituo completamente a mim mesma.
Habituei-me aos vãos de madeira que deliciosamente lambi a espera de me ver do outro lado do espelho. Cada vez menos sem esperar.
Stuck between the do or die
I feel emaciated
Hard to breathe i try and try
I'll get asphyxiated
Swinging from the tallest height
With nothing left to hold on to
Habituei-me a deslizar nessa asfixia incontornável

[2.35 até 3.09] Come Home

Harder faster
Forever after
Harder faster
Forever after
Harder faster
Forever after
Forever after


[4.24 ate ao fim] Come Home


[3.06 até ao fim] Bionic
e se for a primeira vez que os teus dedos tocam a luz da manha
dá-me a tua mão. respira o ar do dia.
talvez. nada. mais.

5 comentários:

Anónimo disse...

'Stuck between the do or die
I feel emaciated
Hard to breathe I try and try
I'll get asphyxiated
Swinging from the tallest height
With nothing left to hold on to

Every sky is blue,
But not for me and you
Come home come home
Come home come home

Glass and petrol vodka gin
It feels like breathing methane
Throw yourself from skin to skin
And still it doesn't dull the pain
Vanish like a lipstick trace
It always blows me away

Every cloud is grey
Dreams of yesterday
Come home, come home
Come home, come home
Come home, come home
Come home, come home

Always goes against the grain
And I can try and deny it
Give a monkey half a brain
And still he's bound to fry it
Now the happening scene is dead
I used to want to be there too

Every sky is blue
But not for me and you
Come home, come home
Come home, come home
Come home, come home
Come home, come home'


every sky is blue for me and for you

Anónimo disse...

Tenho de confessar que as vezes preocupo-me com o que transmites mas depois consigo discernir que es sistematicamente atacada por uma lucidez conscienciosa. E gosto disso.
De qualquer das formas, existem hábitos saudaveis.
beijos V.

Anónimo disse...

Vim aki parar plo teu Hi5 e curti bues d k escreves, axo k tens talento e dp ñ eh soh ixo, eh mesmo a paixao com k falas!! mto positivo ixo!
beijos fica bem**

Anónimo disse...

“Habituei-me a mim”, eu acho que é bom quando isso nos acontece, desde que tenhamos consciência daquilo que somos, bom ou mau, das nossas atitudes, certas ou erradas, de tudo aquilo que nós somos feitos, é preferível assim! Lá está, para isso às vezes é preciso destruir a muralha porque há coisas que nos custa ver, mas antes isso do que viver em certezas que achamos absolutas, calculando a vida como se esta se tratasse de uma formula matemática… porque no fundo tudo são incertezas e até é divertido quando por vezes arriscamos em terrenos que não conhecemos... Porque a vida não é nenhuma folha de cálculo, mas antes uma folha em branco, onde por vezes sabe bem riscar para lá montes de cores só porque nos apetece!
E por último,concordo com o comment em cima "é a paixão com que falas" sem dúvida!!!=)
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Anónimo disse...

és uma maníaca com razão da boa música! e invejo-te as vezes, pela tua força. transmites-a através da escrita. e é bom ler. keep going.
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