outubro 25, 2008

. where i am .

[ . todos estes acontecimentos tiveram lugar e tempo numa etapa anterior, essa que não me foi possível exteriorizar e por tal vêm impregnados de memórias difusas. Assim podem surgir meio adulterados, contudo somente efeitos do tempo, tempo esse que não perdoa. Mas perdoem-me, caros leitores, por mais uma interrupção. Às vezes viver implica estagnar. Em certos campos. Implica apreender. Para depois expulsar .]

Entrei na ilusão de uma disponibilidade perdida. Inexistente mas antes de tudo renegada. Adiada, ultrapassada. Numa excitante mas enclausurante displicência. Onde aguardei e assinei mil tratados de paz e recompensa. Interior antes de tudo exterior. Indissiocriática mas possível.

E afinal o que é possível?

Dor, muita dor. Dor onde, que ela não se sente? Humor muito humor.

Vertigem. Da minha insanidade. Loucura? Reneguei-a. Verdade? Não tive culpa nem acção. Foi assim....calmamente, levemente. Se senti? Sim, aos poucos fui sentindo. Mas nunca acreditei. Por vezes é necessário que encaremos da forma oposta para tudo se desenvolver da forma certa. Certa? Desejável, merecível.

Tudo começou exactamente no mesmo dia em que terminou. Lembraste? Claro que não. Foi exactamente no dia 27 de Setembro de 2007 que o meu ano terminou. Sem hesitar ele amparou-me de uma forma notória. Estabilidade, palavra que encaixa na minha agenda de desejos na perfeição, estado pelo qual até sou capaz de vender o meu sangue. Porque a anemia que se estabeleceria nesse compartimento febril seria contra-atacada pela serenidade esgotante da minha necessidade. E assim tudo seria mais fácil. Mas não.

Ele veio! Ele chegou. Podia e farei um excerto, monólogo ou mesmo argumento, uma experiência de vida e emoções, do quanto pode ser um arraial. Ou do que significa. É incrível. Porque na realidade existem mesmo coisas fantásticas e coisas que nunca mudam. E nessa madrugada mudou. E mais uma vez, sim, deu-se o clique e eu deixei de ser louca para ser intensa.
Se me pergunto porquê? Pergunto. Todavia não me incomodou. Não roçou a minha pertinente curiosidade. Aconteceu. Antes agora que no passado, teria sido muito pior. Durante aquele espaço eu fui deixando réstias da minha infelicidade, da tragédia que se abateu sobre a minha consciência, e sim, eu terminei um ano e comecei outro. Exactamente no mesmo dia. 27 de Setembro. Claro que não te lembras. Mas nesse dia deu-se o clique, a viragem. O fim e o início.

Continuou. Abateu-se sobre mim um temporal. De vivências, emoções, contactos.

Continuou, continua, até agora. Só que agora eu paro. E até sonho. E nestes sonhos encontro-me em cem mil encruzilhadas. Se as reconheço como cantos da minha personalidade dilacerante? Oh a ambiguidade não me permite a ascenção a tal posto. Cor, cor, dor. Rima? Continuas a não ser necessário. Mas nestes sonhos e nesta minha análise interior chego a conclusões que não me sustentam. Não me encontro nestas questões, nestas linhas, nestas duplicidades, nestes desejos. Não. Mesmo que sejam legítimos e perfeitamente adaptáveis, não. Eu não sou assim. Ou não sou aquela que tem de ter para ser. E sinceramente é isso que agora, neste preciso momento, me incomoda.

. and the only thing keeping me dry is where i am .

Aparte de todo o vale que se apresenta diante do meu horizonte, de toda a planície deixada ao acaso, disposta ao meu alcance, de toda a invertida entre loucura e intensidade, incomoda-me. Sei que neste ponto tenho de virar para outra direcção. Direcção essa que não é tomada de uma forma tão ligeira como ‘esquerda, direita’.

happiness how did you get to be happiness

Como sempre. No fundo todo o nosso percurso tem um objectivo. Tem um rumo. O mais correcto, o mais nosso. Normalmente personalidades avessas ao equilíbrio encontram esta tarefa dificultada, mas não impossibilitada.

Sei que custará, e receio que não consiga. Por eternidades ou por momentos.

Contudo sei que agora, agora que tudo mudou, agora que me insiro num novo ano, agora que vejo o 30 cada vez mais próximo e fragilizo por com ele já não saber lidar nem identificar sabor ou brilho, agora que consegui singelamente aquilo que nunca pensei alcançar, agora que prossigo no caminho do fim de um desejo gigantesco, agora que me sinto rodeada, que preencho lacunas deixadas em branco, agora que as noites tem outra cor, que até os dias têm outra fachada, mas antes de tudo agora que me coloco em vários círculos....

Agora sei que há mais. E muito mais em mim.


. i want so badly to believe that 'there is truth, that love is real' .

. and i want life in every word to the extent that it's absurd .