outubro 30, 2008

...só para mim.

Enquanto a chuva cai lá fora, o céu recobre-se de nuvens cizentas ocultando o sol. Aquele que me enobrece a alma. Ao que consta há 25 anos atrás, num domingo, chovia ininterruptamente. É a magia do 30.

Desde alguns séculos atrás que se festejam rituais pagãos. O chamado Halloween, dia das bruxas. Mas há mais, muito mais na beleza deste época. É o fim e o início. A morte e o renascimento. O fim do Verão, das festas do sol, da vida, daquela que apodrece. O fim e a morte. Para a resurreição. São estes os dias que vivemos.

Questões astrológicas ou não, será pura coincidência que estes mesmos dias sejam regidos por escorpião? Nada é por acaso.

Existe uma ligação, uma explicação, mitológica, empírica ou fantasma entre a necessidade de fim para ínicio associada as características temperamentais do escorpião. A 30 de Outubro, o aracnídeo já vai alto na constelação. Todas as estrelas de Oríon desaparecem à sua chegada. Morrem. São assassinadas, atingidas. Biaaaaaaaa, a pequena feiticeira. Eu via-a todos os dias, até as 8h da manhã! Era viciada na Bia! Ela corria e sacava do seu fio onde pendia um coração rosa, e com os seus super poderes de bruxa, lutava a favor do bem. Um dia quando a constelação de escorpião assomou no horizonte, estabeleceu-se o confronto mais dificil para ela. O mais árduo. Todas as suas energias foram postas em jogo. Eu lembro-me. Como se fosse hoje. Como eu gostava que aquelas cassetes antigas aparecessem. E eu as revesse. Bia a pequena feiticeira.

Há mais, muito mais no dia 30 que apenas o meu aniversário. É por ter nascido neste dia redondo do mês de Outubro, na mais simbólica época do ano que me regozijo. Não é por fazer 25 anos. Nunca me hei-de esquecer quando fiz 17 anos. Quase que chorei. Era demais, uma idade demais. Porque desde nova, muito nova, tive noção da minha juventude. Da minha infância, da minha pequenez. Agora já nem sinto os anos passarem. Sei que aparento uma idade que nunca mais voltará e nessa certeza sigo a minha vida. Porque são nos outros, em todos aqueles dias em que simplesmente a existência me pesa impreterivelmente, que me apercebo no quão volátil é a existência e a nossa própria vida. Porque na existência é que se perpetuam os nossos caminhos que nos fazem quer recuar, quer recordar que avançar. E hoje não, hoje eu festejo, não por ter 25 anos, não por acumular 25 anos de emoções, momentos, contactos e vivências, não por apenas ser lembrada. Hoje eu comemoro o dia 30, a beleza deste número, a importância deste fim do mês, o cheiro do halloween em 1999, 2000, em todos os dias/noites em que o coloco, hoje eu comemoro as madrugadas dos meus 16, 22 anos, comemoro a Sofia Gião e a Graça e mais elas todas que me ofereceram o ‘Adore’, comemoro o cheiro a chuva, Outono e Outubro. Comemoro acontecimentos que tiveram lugar e que nunca esquecerei. Porque da minha vida e de mim eu lembro-me a cada segundo. E é com base em todos esses motivos de comemoração citados que sou o que sou. No meu orgulho por este dia e pelo deslumbramento que há-de sempre operar em mim.

Viva os anos que viver.


estrelas. para mim. para mim. estrelas.

são para mim. estrelas para mim. estrelas. estrelas.

para quê? para quê? para quê?

estrelas para mim. só para mim.

para mim. para mim. para mim.

e a treva entre as estrelas....