outubro 03, 2007

accident & emergency

.i’m hungry now.
i’m hungry for you.

E é estupidamente anacrónico que seja assim. É inacessivelmente idiota que se se sinta a chuva lá fora como uma mera continuação de uma tempestade hormonal, passageira, casual.
Porque as vezes só se necessita de um olhar consolador, de uma voz serena, de um estar lado a lado no mais perfeito acompanhamento do ser. De sentir que estamos realmente acompanhados e não um 'estou mais só do que sozinha'.
Porque repentinamente tudo deixou de fazer sentido assim, assim como estava, como que se a desestabilização total de um extremo fosse prioritária em relação a um equilíbrio que nada deve a ninguém. Porque nada tem que se apoiar em escapes reinventados, reconstruídos, adulterados.
Porventura nem sempre nos racionalizamos desse modo, até porque é fundamentalmente complicado, quase impossível, mantermos um poder absoluto sobre tudo o que nos ocorre. E aí nesses pequenos percalços, sorrateiro redemoinho de sensações, cores e visões surge uma voz cá dentro que susurra:

Porque eu só queria a milisémia atenção que não me dás, aquela que nem percebes que de desvanece completamente por entre ti e se dissipa com um coeficiente energético quase nulo por entre a barreira que nos separa, que agora me estilhaça mais para uma perpendicular acima da linha do impossível do que uma paralela à equatorial que nos desengrandece.
Sim é possível desencantar, mais que isso é possível considerar que se errou, se exagerou, se levantou essa ténue fronteira entre dias cada vez mais longínquos, e aí nesse pequeno sentimento de culpa nem sequer ponderar uma mudança de direcção, até porque não existem direcções a tomar.
É como lembrar-me que foi muito estupido mesmo, desnecessário aquele virar de costas 'até já', que não se realizou, que se adiou até um dia, mas que dia? Que horas, que ilusões, que possibilidades, nenhumas, já se sabe, eu sempre o soube. Eu nem sequer cheguei a entrar nesse avião porque sabia que a viagem tinha terminado antes de começar.

It's you who puts me in the magic position, darling now.

Mas eu só queria apenas uma qualquer palavra, uma qualquer demonstração, uma qualquer segurança, uma qualquer confiança, embora só receba desvios relativos aquilo que eu queria. Sim porque eu ainda acredito que não tenho que somar a diferença que concebia uma indiferença absoluta. Provavelmente, porque como a pressão, não perspectivo exasperação maior, e nesse âmbito será impossível atingirmos um mero valor negativo. Porque não existe nada que distorça mais do que já está.

Porém mesmo porém, eu sinto algo como maior, mais forte, mais abrangente, sinto varias vertentes a convergirem para o mesmo ponto, a afundarem como um rio pesado mas original, excêntrico e ditatorial, vejo-me a mim encetando varias cores, adoptando aquele estar que tanto desejei, prosseguindo calmamente e evoluindo lentamente para patamares nunca antes vistos. Porque eu gosto e antes de tudo isto é mandatorio.
E fantasticamente feliz. São mil cores, mil hipóteses coabitando no vão mais louco da inteligência. E da necessidade. Da eclética vontade de ser diferente. E pela primeira vez...gostar-se de ser assim.

Accident! Emergency!
To terrorists, catastrophe
Drop this agony, and misery
Give me accident and emergency!