dezembro 01, 2009

Chapter VI

. silence. all around .

Levantei-me, ele elevou o olhar, fitou-me fixamente, enroscou-se na minha mão. Eu ajoelhei-me perante ele, deixei-o enrolar-se na minha despedida, observei-o. Ele observou-me. Mutuamente envolvemo-nos no olhar, suspendemos o tempo, equilibrámo-nos na confiança. Pertencíamos um ao outro. Parei, estagnei, perdi. Lágrimas de felicidade, lágrimas de dor. De uma dor que teimosamente mantenho em aberto, em suspenso, à espera de um dia maldito que me invadirá a alma, dilacerando-me as visceras e destruindo-me a existência. Ele retrocedeu, estranhou o meu desespero traduzido em lágrimas que inundavam o seu corpo, deixando-me repousar sobre o seu peito. Parti, deixei-o. Para um precoce regressar. Virou-me as costas. Parti.
Um virar de esquina mais aliviante de sempre. Um descanso perpétuo, uma ansiedade sossegada. Como isto pode ser? Sendo. Quando a luz ao fundo do túnel representa paz, representa vontade, desejo, hamonia. Desci. Carreguei, suportei. Com uma força indubitavelmente aumentada num novo corpo que agora me pertencia. Entrei. E nessa viagem revisitei, ansiando cada segundo desse mês, todavia descansando os meus membros acelerados. Reencontrei. De uma forma inimaginável, houve alegria em reencontrar, em bradar, clamando um regresso temporário. Prossegui.

Gent . Parte VI .

E agora que o caminho parecia tão simples, agora nesse derradeiro alcançar, fugia-me por entre os dedos a oportunidade de ser apenas. De absorver. Como sempre quis. De tentar, de me deixar conduzir pelas ruas da harmonia. De estabilizar. Apesar de um dia a dia estúpido já coberto pelo bolor que me circundava. Apesar de pequenos desvios, contudo facilmente ultrapassáveis. Ali, onde tudo convergia secretamente, onde o sentimento de pertença, de empatia, de amizade falavam mais alto, onde o nível e o reconhecimento ganhavam lugar, onde simplesmente essa simplicidade residiam, ali, era o meu lugar. Aquele que outrora reneguei, aquele que fui impelida a considerar como frágil e efemero aquele que podia ter sido meu desde o início. Aquele que me furtaram, aquele que ignorei. Será que ele permanecia escondido atrás de uma porta semi-cerrada ? Ou totalmente cerrada ? Será que mesmo com esta nova força eu não poderia arrombá-la, reduzindo a pó todo o resquício inglório ? Talvez. Penso que nunca saberei essa resposta. Ou talvez sim. Sei porém, que até ali, tudo fora errado, wrong, too wrong, e que aquele mundo para mim arquitectado, encerrou em si cada desnível de uma paz mais que merecida. De uma vida. De uma experiência.
E que esta melodia ouvida inicialmente acabava por se repetir intrinsecamente, agregando-se a uma moral que sempre intitulou esta história.


Wrong . wrong . wrong .

I was born with the wrong sign. In the wrong house. With the wrong ascendancy.
I took the wrong road that led to the wrong tendencies.
I was in the wrong place at the wrong time for the wrong reason and the wrong rhyme.
On the wrong day of the wrong week. I used the wrong method with the wrong technique.

Wrong .
Wrong .

There's something wrong with me chemically. Something wrong with me inherently.
The wrong mix in the wrong genes. I reached the wrong ends by the wrong means.
It was the wrong plan. In the wrong hands.
With the wrong theory for the wrong man.
The wrong lies, on the wrong vibes.
The wrong questions with the wrong replies.

Wrong .
Wrong .

I was marching to the wrong drum with the wrong scum, pissing out the wrong energy.
Using all the wrong lines and the wrong signs with the wrong intensity.
I was on the wrong page of the wrong book with the wrong rendition of the wrong hook.
Made the wrong move, every wrong night.
With the wrong tune played till it sounded right yeah.

Wrong, wrong

Too long

Wrong

Too long

Wrong

Too long

Wrong

Too long

Wrong

Too long

I was born with the wrong sign in the wrong house with the wrong ascendancy
I took the wrong road that led to the wrong tendencies.
I was in the wrong place at the wrong time for the wrong reason and the wrong rhyme
On the wrong day of the wrong week.
I used the wrong method with the wrong technique



Wrong


E nesse ponto, nesse mesmo ponto, outra melodia avançava pé ante pé até mim, colmatava os espaços em branco, os vazios, os holes que se multiplicavam no meu espirito, consumia-me uma possibilidade de absorção, de simplesmente paz. Onde quem ri por último ri melhor. De um envolver diário, de um sorriso estrutural, de duas personalidades complementares que me abriam alas para esse mesmo paraíso existencial. De uma postura estável e de uma postura apaixonada. De vocês e de mim. De algo que uma vez mais na minha vida teve de ser interrompido. De nós. De um momento em que estico as pernas e transpiro equilíbrio por todos os meus poros, em que deito e comigo deita a minha vontade, em que abro o desejo ao tempo, permitindo-me evadir serenamente, suavemente.

Em que paro, em que tão somente paro.

E vivo.



After all all i have in my mind is just silence all around

A thousand times i´ve tried to find pieces of dreams, visions and sounds

And I pray for better days

Do you know how it is without anyone, do you know

Anyone?

E num vácuo sugado para dentro de mim, num vulcão a eclodir dentro das minhas vísceras, no encontrar sub-humano de fora para dentro, dentro para fora, encerrei, aqui nesta Lisboa que me pertence, que me envolve. Aqui fecho à chave Gent atrás do tempo, Gent atrás de mim, atrás de uma injustiça, behind my back, in my back, um sonoro silêncio dentro de mim e por fora intrínsecamente fora de mim. Exterior-interior. Conexão ousada. Sub-divisão aleatória. After all, all i have in my heart are the pieces that i found. Shades of blue, swimming in the moon, counting the stars all around. I say a prayer for better days. E eles alcançaram-me. Depois de uma inefável guerra que não foi ganha. Adiante. Um hole que se esvaziou preenchendo-se. Aqui estou. Do you know how it is without anyone?

do you know anyone?

Don't let it go

Never forget that when i think of you

You're not alone.


eu .