julho 04, 2006

i can’t carry on

‘ 0h26 marcava o relógio do veículo. Olhara fortuitamente para fora e confirmara.
Subitamente todo o meu corpo estremeceu. Eles riam animadamente mas eu entretanto começara a perder-me no meu abismo existencial. O cinto apertava-me, o casaco sufocava-me, o peito explodia. Voltas e voltas. Rotundas e rotundas. Risos e felicidades partilhadas. Eu rira forçosamente. Mesmo ao teu lado entrava num processo de demência espiritual. Cada minuto pesava-me atrozmente, senti a pulsação a acelerar e a temperatura a subir. Não conseguia respirar. As curvas continuavam. Chegamos. Deixámos e partimos. Abri o vidro o mais possível e tentei respirar. Não conseguia expirar. Arvores perdidas na escuridão da noite, atalhos silenciados por placas informativas e sobretudo o silêncio de cortar a respiração. Não conseguira proferir qualquer palavra. Eles retribuiram-me o momento e eu agradeci de cada entranha incendiada do meu ser. Minuto a minuto, acumulavam-se todas as frustrações, todos os devaneios, a vontade de ceder e deixar-me cair rua abaixo, sentia-as demasiado tensas, como que a explodir por entre as meias e os tenis exagerados.
O vento entrara calmamente e tentava-me acalmar em vão [caught a look in your eyes, did they linger too long?] Cheguei e não tinha palavras para dizer. Obrigada, desculpem, pessoas com uma educação extrema que não poderiam ter vindo de outro sitio. Entrei, fechei a porta e atirei a mala para cima da cama. A luz da lua iluminava tenuemente o quarto. Desenhavam-se sombras da minha desarrumação nata que agora me causava claustrofobia. Corri para o parapeito, inclinei-me, queria fugir de toda aquela confusão, não aguentara sequer olhar para pedaços dele, ele que me fazia tanta falta naquele momento [we're you just being kind, or have i read it all wrong, when i brushed by your side]. Sentei-me, bebi o copo de água, olhei desesperadamente, media-a. Era inevitável, teria que me deixar levar. Mesmo assim ainda tentei resistir, só que as forças falhavam-me. Todo aquele momento estava pautado à minha condenação infame. 39.5 marcava. Fui a cozinha, tomei o comprimido. Acendi a luz e observei. Acabei por desviar apenas algumas peças de roupa misturadas com livros, malas e maquinas de calcular e sentei-me novamente. A febre subia exponencialmente no pensamento de cada minuto daquela dia. O calor invadia-me agonizante enquanto me sentia cada vez mais fria e vestia roupas em cima de roupas. Rolei no chão tal como me apetecera horas antes naquele circuito de alienação asquerosa. Ela doía-me cada vez mais, era impossível aguentá-la sequer, pesava-me como se so ela existisse no meu corpo, não conseguia ja sequer fazer uso dela- pensar.
Então deixei-me ir e expeli tudo aquilo que me consumia. Senti o sangue a escorrer pelas minhas pernas, o segundo dia de um período inglório, os enjoos apertavam-se contra o meu peito, apelei aos meus impulsos e vomitei. Tudo que não me permitisse inspirar, saira agora [i must gain control, i must take care]. Só que permaneciam os resticios da minha insensatez. Porque agora, naquele dia eu deixara-me atingir? Porque naquelas horas eu perdia o controle sobre algo que sempre me pertenceu? Porque eu estranhava o meu redor? Cada vez mais escorregava, impelida para um vácuo de afectos inexistentes. Não conseguira compreender que tudo não passava de um encontro, de uma noite. Mantinha o desespero que me suplantava para a dimensão da solidão e não conseguira acreditar. Simplesmente as peças não encaixavam como num puzzle.
Pemaneci serena, conseguindo ouvir o aumentar de cada ritmo cardíaco, o elevar de cada décima de grau, conseguia até sentir todo o meu corpo a pulsar. Pensara em ti, invariavelmente vinhas-me a cabeça. [suddenly i realised, there’s something going on]. E pela primeira vez senti repulsa no desejo que emanava de cada partícula minha [i’m falling for you, whatever it is, whatever you do]. Sentia nojo por desejar-te a ti em toda a tua dimensão [can’t allow this to ever]. Não por ti. [become an affair] Por mim. [but the tension is sweet]. Caí subitamente. Procurei afoita. ‘onde ele esta?!?’, já não aguentara o peso do copo e deixei-o estilhaçar-se no chão. Encontrei-o finalmente. 12. faixa 12. [you’re gonna walk alone, you’re gonna wonder who you are], não precisara de mais nada nesse momento. Só dela.

Elas cairam levadas pelas enchentes que se desprendiam dos meus olhos. Olhava aquele quarto, aquele silêncio, escutava-o indignamente, percorrendo momentaneamente o vicio da minha loucura. A balança, o equilibrio. Ali era o tudo ou nada. Era o sono que desaparecia, eram as luzes que se apagavam, a não-entrega, o não-acto, o fugir constantemente, o evitar [all night, i think of nothing else] O pensar. E se? [but if i could sit out this storm, i’d try to forget how i felt] Talvez eu não conseguisse encarar [but as soon as i see your face] Talvez fugisse mais uma vez para o vão solitário das minhas memórias e cedesse ao medo [i’ll just fall] Talvez acontecesse [Fall] E depois? Irias compreender o como e o porquê? [fall for you]
Gritei, destrui, sacrifiquei. No fim dos 6.37 conseguira finalmente inspirar e expirar. Levantara-me, circundei cada patamar fechado, cada subdivisão de mim, cada injustiça que inconscientemente cometia. Mesmo sabendo como tudo iria acabar.
Exorcisei os fantasmas que me possuiam e rendi-me a mais uma etapa [gonna kill this thing forever] Encerrei a frustração em direcção ao nada e adormeci, silenciando os demonios que rodeiam a minha consciente insanidade [i can’t carry on]’



musica escondida [Falling for you] / Skin

8 comentários:

Anónimo disse...

Por vezes o que é não é bem assim e o que não é julga-se ser.
Nem sempre sabemos diferenciar a linha do equilíbrio.

Excelente texto, gostei muito, mais uma vez...

Beijos

botinhas disse...

Este post é um verdadeiro brownie de chocolate! Duro, denso, indegesto mas taaaaaao delicioso e capaz de nos levar para outros mundos. Pelo sonho é que vamos...

Anónimo disse...

Eu, tu, NÓS.. nunca sabemos para onde vamos, para onde o vento nos conduz, mas temos sempre na nossa mente que apesar disso o ar move-se e daí estou vivo, tu estas vivo, nós estamos vivos! Porque deixar que tudo se desenrole como se estivessemos sentados no cinema? A vida visto assim não faz sentido. Mas a vida faz sentido? Quando ? Como ? Onde ? Porque ? A ideia é mesmo seguir o tal "instinto" e daí tudo sucede com a maior naturalidade, não é presiso ir à "biblioteca" consultar aquelas "diciopédias" tao aborrecidas =P Embora, elas existem, eu sei ta? Mas, quando estamos lá.. é porque realmente Eu, tu, nós vamos em queda livre sem saber o que fazer, dizer e daí a "diciopédia" funciona como um para-quedas para que tudo chegue a um bom porto!
E para onde Eu, Tu, Nós ...vamos ? E o que iremos fazer ? Eu não sei... mas brevemente, muito brevemente.... saberei =)



"hello goodbye, you know you made us cry..." Porque eu AMO mesmo MUITO, do fundo do meu coração :D
*************

Anónimo disse...

"someday i'll follow you...see you on the other side..."

2 faixas à frente...


miss u********

Anónimo disse...

bem tou tao tristita k vim aki e ate li o teu texto td!! ve so cmo eu tou pra ficar inda pior!! tas a escrever mto bem!! parabens!
mas parabens tb a noxa seleccao k teve mto bem! e continuo na minha! fomos roubados! ja ñ vamos festejar cmo tavamos a planear!! fica pra proxima!
bjinhos

Anónimo disse...

Cada vez melhor ;)

Anónimo disse...

és linda......

Anónimo disse...

es 1 monga!! mas mereces este

LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

n plo texto k inda n li (matame!!) m em homenagem a esta bela tarde! m continuas uma MONGA!! GOD!!

amu.te@@@@@@@@@@@@